Por LUSA
A Guiné-Bissau vai participar na 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 28) com “exigências” de acesso às tecnologias para transformar o ar, o sol e a água em fontes de energia limpa.
O anúncio é de Viriato Cassamá, antigo ministro do Ambiente e da Biodiversidade, atualmente conselheiro do Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, para os assuntos climáticos e ambientais.
Cassamá, engenheiro ambiental formado em Portugal e na Inglaterra, adiantou à Lusa que a Guiné-Bissau estará no COP 28, que decorre no Dubai, Emirados Árabes Unidos, entre 30 de novembro e 12 de dezembro, com “exigências” mas também com “esperanças”.
“Exigimos ter acesso às tecnologias que nos permite tirar dividendos dos recursos naturais que temos: solar, hídrico e eólica, para produção de painéis solares ou geradores que nos possibilitem produzir energia limpa”, observou o responsável guineense pela equipa negocial que vai ao Dubai.
A Guiné-Bissau, cuja delegação à COP será chefiada por Umaro Sissoco Embaló, também quer obter garantias precisas sobre as facilidades no mecanismo de acesso ao mercado do carbono, adiantou ainda o responsável guineense.
Viriato Cassamá notou que a exigência da Guiné-Bissau é feita no âmbito de vários grupos negociais de que o país faz parte, nomeadamente, o grupo africano, o grupo G77 + China, o grupo de Países Menos Avançados e Aliança de Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (OASIS, na sigla inglesa).
A posição guineense também será manifestada no âmbito do ICIIREED (Países de América Latina + Guiné-Bissau), único Estado africano neste grupo, salientou Cassamá.
Em relação às “esperanças” a partir da COP 28, o conselheiro do Presidente guineense quer ver as negociações que vão ter lugar em Dubai a acelerar o compromisso para atingir “a nova meta climática” que preconiza “um financiamento climático quantificado” a partir de 2025.
Viriato Cassamá lembrou o compromisso assumido em 2010, em Cancún, no México, que permitiu a criação do “Fundo Verde para o Clima” que preconizava a disponibilização de 100 mil milhões de dólares americanos (92 mil milhões de euros), por ano, até 2020.
Esse dinheiro seria utilizado para reforçar a resiliência dos países mais vulneráveis e mitigar os efeitos das alterações climáticas, compromisso que Cassamá notou não estar a ser cumprido.
Estes fundos serviriam também para financiamento de perdas e danos aos países vítimas dos efeitos nefastos das alterações climáticas provocados pelos maiores emissores de gases com efeito de estufa, disse.
O especialista guineense no ambiente e clima tem ainda esperanças de que o mundo continue a trabalhar para que a temperatura global não ultrapasse os 1,5 graus celsius até o final do século.
“Espero que todos nós iremos trabalhar para atingirmos o ‘net zero’ — de emissões líquidas de carbono, até 2050”, um objetivo que Viriato Cassamá disse ser possível com a descarbonização das economias do mundo.