Por LUSA
O Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China-Países de Língua Portuguesa (PLP) já investiu 500 milhões de dólares (472 milhões de euros) nos países lusófonos, disse hoje o responsável da entidade gestora.
“Já investimos 500 milhões”, afirmou Shi Wenju, presidente do Fundo de Desenvolvimento China-África, que gere o instrumento financeiro sino-lusófono, criado há 10 anos pelo Banco de Desenvolvimento da China e pelo Fundo de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Macau.
O secretário-geral do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os PLP (Fórum Macau), Ji Xianzheng tinha estimado, na semana passada, um investimento concretizado de 60% dos mil milhões de dólares (941 milhões de euros) disponíveis no fundo.
Shi Wenju, que falava durante um seminário financeiro por ocasião do 20.º aniversário do Fórum Macau, especificou que “a maioria desses projetos já conseguiu cobrir todos os PLP”, em áreas como “energia limpa, infraestruturas, agricultura, indústria da manufatura, entre outras”.
O secretário de Estado da Economia, Pedro Cilínio, defendeu também hoje que “se deveria refletir sobre os mecanismos de financiamento existentes” no Fórum Macau, com “natural destaque” para o fundo sino-lusófono.
“Cremos que existe margem para que este instrumento financeiro intensifique o apoio ao tecido empresarial nos países participantes do Fórum Macau, caracterizado por um forte predomínio de PME (pequenas e médias empresas)”, declarou o responsável, que se encontra em Macau, em representação do Governo português, para participar nas celebrações dos 20 anos do Fórum.
As regras de acesso ao capital têm sido alvo de críticas por parte de países membros da estrutura multilateral. Em junho, a embaixadora de Moçambique em Pequim, Maria Gustava, pediu à China a “flexibilização no acesso aos fundos existentes”, apontando para a necessidade de mudanças.
Meses antes, o embaixador de Angola na capital chinesa, João Salvador dos Santos, disse que o mecanismo ia flexibilizar estas regras para promover mais parcerias entre as empresas dos dois blocos.
As empresas interessadas em obter apoio devem garantir um investimento mínimo de cinco milhões de dólares (4,7 milhões de euros) e o fundo sino-lusófono apenas financia 20%, disse à Lusa, em maio de 2022, o presidente da Associação Comercial Internacional para os Mercados Lusófonos, Eduardo Ambrósio.
Para já, não são conhecidas alterações às exigências de candidatura ao fundo, embora Shi Wenju tenha declarado hoje que “tendo em conta as características inerentes às PME”, vai continuar-se “a explorar a introdução de um modo de subempréstimo por instituições financeiras regionais”.
Presente também no seminário financeiro, o diretor-geral da Agência de Promoção do Investimento da Guiné-Bissau, Hussein Jauad, defendeu a criação de “instrumentos mais ambiciosos” e efetivos, sugerindo o estabelecimento de um banco de fomento.
O Fórum Macau, criado em 2003, integra, além do secretário-geral, de dois secretários-gerais adjuntos e de três coordenadores, nove delegados dos países de língua portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Cinco conferências ministeriais foram realizadas no território em 2003, 2006, 2010, 2013 e 2016, durante as quais foram aprovados Planos de Ação para a Cooperação Económica e Comercial.
Inicialmente prevista para 2019, a sexta conferência ministerial foi adiada para junho de 2020, devido às eleições para o parlamento de Macau, mas com a pandemia da covid-19 acabou por não se realizar.