Por LUSA
Mais de quatrocentos estudantes são-tomenses em Marrocos e Cuba estão há vários meses sem receber a bolsa do Governo e têm dificuldades para assegurar alimentação e outras necessidades, o que, dizem, está a afetar o desempenho escolar.
Em declarações à Lusa, a presidente da Associação dos Estudantes são-tomenses no Reino de Marrocos disse que, atualmente, há 410 estudantes são-tomenses a frequentar cursos profissionais e licenciaturas naquele país, que deveriam receber do Governo são-tomense 300 dólares a cada três meses.
Segundo Mélaine Bandeira, desde o início do ano que os alunos estão sem receber a bolsa e há anos que o Governo não paga qualquer prestação ou paga apenas uma.
A representante dos estudantes são-tomenses disse que têm sobrevivido com o apoio enviado pelos pais e parte da bolsa paga pelas autoridades marroquinas.
“A bolsa que recebemos pela parte marroquina não nos é suficiente, porque temos que pagar casa, temos despesas fixas, então o dia-a-dia praticamente acaba se tornando basicamente um tormento, em que o estudante, ao invés de se concentrar única e exclusivamente nos estudos, tem que estar sempre a pensar como é que vai pagar casa, luz, internet e outras coisas que precisamos para ter uma vida normal”, disse Meláine Bandeira.
“Se o Estado estivesse a cumprir com o combinado, acredito que não estaríamos nessa situação”, sublinhou.
Em Cuba estão sete estudantes de medicina que deveriam receber 750 dólares a cada três meses.
Segundo o estudante Esmael Vaz de Oliveira, em janeiro, após um ano sem receber, “o Governo pagou o correspondente a três meses” e prometeu que iria fazer novo pagamento em maio, mas não o fez e o atraso tem-lhes tem causado dificuldades, porque necessitam de dinheiro “para as coisas básicas”, nomeadamente alimentação, transporte, higiene, medicamentos e despesas escolares.
“Tem sido difícil gerir, porque é demasiado tempo, e depois com isso ficamos com stress porque algumas vezes ficamos na aula a pensar no dia de amanhã, o transporte para ir à escola, o que comer e isso está a causar stress”, relatou.
“Isso é algo que temos vindo a enfrentar já por muito tempo e, quando o Governo nos envia esse dinheiro, nós usamos a metade para pagar as nossas dívidas e outra metade fazemos economia para ver se chega até a data que eles prometem que vão enviar novamente. É algo que não tem vindo a acontecer”, acrescentou outro estudante, Anilson Tiny.
Tiny referiu que, “mesmo sabendo das necessidades socioeconómica presentes em Cuba”, estão estudando e a esforçar-se, dando o “máximo, tratando de aprender o necessário” para posteriormente regressarem ao “país e ajudar no ramo da saúde”.
Os estudantes dizem que tentaram vários contactos com o Ministério da Educação de São Tomé e Príncipe, mas receberam a mesma resposta de sempre: “que o país não tem dinheiro e que temos que esperar”.
“Não é algo fácil, porque realmente o que necessitamos é dinheiro, não podemos fazer nada sem dinheiro”, sublinhou Anilson Tiny.
Contactado pela Lusa, o diretor do Ensino Superior e Ciência disse que na quinta-feira foi paga a prestação correspondente a três meses aos estudantes em Cuba, mas que se “aguarda disponibilidade financeira para pagar” aos estudantes em Marrocos.