Por LUSA
Os lucros da empresa estatal Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) cresceram 26% em 2023, para 2.979 milhões de meticais (43 milhões de euros), apesar das consequências das intempéries, segundo o relatório e contas.
“O desempenho económico-financeiro respeitante ao exercício económico de 2023 foi positivo, não obstante as intempéries, em particular a passagem do ciclone Freddy que assolou com grande intensidade a zona centro do país, tendo impactado negativamente no transporte ferroviário, no manuseamento portuário de mercadorias e passageiros”, lê-se no relatório, a que a Lusa teve hoje acesso.
De acordo com o documento, a administração do CFM, uma das maiores empresas moçambicanas, deliberou a aplicação de 65% dos lucros em reservas e os restantes 35%, equivalente a 1.042 milhões de meticais (15 milhões de euros), em pagamento de dividendos ao Estado, único acionista.
No documento, a administração lembra que a passagem do ciclone Freddy levou à “paralisação das operações nos Terminais de Petróleo da Beira, de Carvão (TCC 8) e dos Serviços Marítimos por um período de 10 dias durante o mês de março” e as operações ferroviárias “ficaram seriamente afetadas com a paralisação da Linha de Sena durante 35 dias”, o que “condicionou o tráfego de carvão e seu manuseamento no Terminal de Carvão da Beira”, gerando prejuízos de tráfego de cerca de 506 milhões de meticais (7,3 milhões de euros), “sem incluir a infraestrutura”.
Por outro lado, a região sul “viu-se a braços com intempéries que resultaram em inundações, as quais contribuíram para ocorrência de descarrilamentos na Linha de Ressano Garcia e na Linha de Goba”, neste caso “com impacto negativo no desempenho ferroviário do primeiro semestre de 2023”, gerando “prejuízos avultados”, avaliados em 1.900 milhões de meticais (27,4 milhões de euros), “resultantes de carga não transportada, sem incluir as infraestruturas severamente afetadas”.
O documento refere igualmente que a empresa investiu em 2023 mais de 8.747 milhões de meticais (126 milhões de euros) na melhoria dos equipamentos ferro-portuários.
O CFM explora atualmente as linhas férreas de Ressano Garcia, do Limpopo e de Goba, o Sistema Ferroviário da Beira, que inclui a linha de Sena, Machipanda e o ramal de Marromeu, a secção comum às três linhas da rede sul e zona de manobras de Maputo, as oficinas gerais do sul e do centro e o Terminal de Alumínio da Matola.
Opera igualmente os terminais de combustíveis em todos os portos nacionais, os terminais de cereais e de carvão no porto de Maputo, e os portos de Quelimane, de Nacala e de Pemba.
O CFM fechou 2023 com um capital social de 1.242.981.000 meticais (17,9 milhões de euros), totalmente subscrito pelo Estado moçambicano.