Por LUSA
Cabo Verde voltou a chamar a atenção para as suas especificidades para estar “no centro das prioridades” na linha marítima que vai ligar pelo menos cinco países da África Ocidental, disse o novo ministro do Mar.
“Foi sempre uma exigência do Governo, que Cabo Verde estivesse no centro das prioridades na ligação marítima entre os países da CEDEAO”, lembrou Jorge Santos, em declaração à imprensa, na Praia, após ser empossado como o novo ministro do Mar, pasta que vai passar a acumular com as Comunidades.
O governante referiu que o corredor do atlântico que vai ligar Praia e Dacar, e passar por outras capitais da África Ocidental, é um projeto que está a ser discutido há vários anos, tendo sido retomado esta semana, na capital cabo-verdiana, durante um ateliê para finalizar um relatório antes de lançar concursos.
O ministro sublinhou que Cabo Verde, por não ser continental, fica de fora de vários programas de infraestruturação a nível do continente e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
Por isso, entendeu que a ligação marítima vai servir também para maior integração do país na comunidade, embora ainda não haja uma data para a linha começar a funcionar.
“Existem as vontades, o projeto, a tecnicidade, toda a política está montada e agora é dar continuidade. É um ganho”, prosseguiu, indicando que o país também está a aproveitar a via aérea para se ligar à costa ocidental africana.
O administrador da empresa gestora dos portos de Cabo Verde (Enapor), Eduardo Lima, avançou na abertura do atelier, que a ligação marítima Praia-Dacar vai ligar pelo menos cinco países da África Ocidental, numa extensão de cerca de 3.500 quilómetros.
A criação de ligações marítimas é um assunto recorrente nas relações entre Cabo Verde e Senegal: em 2021, os chefes da diplomacia dos dois países identificaram o transporte através do Atlântico como um dos pontos para reforço da cooperação bilateral, mas sem avanços.
O Senegal é uma das maiores economias da costa ocidental africana e é o país mais próximo de Cabo Verde.
Dacar e Praia, que estão separados por 650 quilómetros de oceano Atlântico, mantêm relações históricas e acolhem reciprocamente grandes comunidades das respetivas diásporas.
Jorge Santos vai acumular a pasta do Mar após saída de Abraão Vicente do Governo para concorrer às próximas eleições autárquicas, deixando também vago o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, que foi assumido por Augusto Veiga.
Em declaração aos jornalistas, Jorge Santos frisou que o Governo tem uma “agenda muito forte” a nível do Mar e pretende “dar continuidade” a essas políticas, num setor que tem uma relação com o país, mas também com a diáspora cabo-verdiana.
Por isso, afirmou que a ideia é “pôr o mar, cada vez mais, no centro das atividades e da vida económica nacional”.
A posse dos dois novos ministros foi conferida pelo Presidente da República, José Maria Neves, num ato assistido pelo primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, que pediu “compromisso” aos novos titulares de “pastas importantes” para o país.
Quem também saiu do Governo para encabeçar uma candidatura autárquica foi o secretário de Estado da Saúde, Evandro Monteiro, que se vai candidatar em Santa Catarina, ilha do Fogo, mas não vai ser substituído, por agora, garantiu Ulisses Correia e Silva.