Por LUSA
Quatro candidatos disputam no domingo a liderança do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), principal partido da oposição, sabendo que, quem ganhar, deverá concorrer ao cargo de primeiro-ministro do arquipélago, no próximo ano.
“As pessoas estão ávidas por poder”, dizia à Lusa, há poucos dias, o analista político António Ludgero Correia, considerando que muitos interpretaram a vitória histórica do PAICV nas autárquicas de dezembro como prenúncio do fim de 10 anos de poder do Movimento pela Democracia (MpD).
Entretanto, o partido no Governo já se uniu em torno do primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, apoiando-o para tentar um terceiro mandato, nas eleições legislativas que devem ser marcadas para o primeiro semestre de 2026.
“É bom quando se acredita num projeto e se luta por ele, mas se só se mobiliza (alguém) quando o poder parece estar mais perto, cheira mais a oportunismo que outra coisa”, acrescentou o analista João de Deus Carvalho.
Em 2021, depois de o MpD ter conquistado uma segunda maioria absoluta consecutiva no parlamento, Rui Semedo foi o único candidato à liderança do PAICV, tendo anunciado no início deste ano que não se recandidataria.
Ambos os analistas alertaram para o nível de conflitualidade interna no partido, com discussões políticas a transformarem-se em querelas pessoais e a chegarem ao Tribunal Constitucional — que validou uma das candidaturas (Francisco Carvalho), depois de ter sido alvo de uma tentativa de impugnação.
Francisco Carvalho, presidente da Câmara da Praia, apanhou o balanço da vitória reforçada na capital do país nas autárquicas de dezembro para se lançar à conquista do partido, prometendo “Um PAICV para todos, para um Cabo Verde para todos”, lema de campanha.
Apresenta-se como candidato do povo e promete baixar os preços das viagens internas (barco e avião), dar acesso gratuito à universidade, médicos, remédios e exames gratuitos a quem não pode pagar, promover um estado mais eficiente, mais concursos públicos e fiscalização.
Nuías Silva, reeleito presidente da Câmara de São Filipe, na ilha do Fogo, foi igualmente uma das caras da vitória nas autárquicas e promete “Mais PAICV, por Cabo Verde”.
Quer um partido mais próximo das bases e modernizado, com apostas na transparência da governação, diversificação da economia (industrialização, transição digital e qualificação do emprego) e reformas na saúde, educação e transportes, reforçando obrigações de serviço público e medidas de inclusão social.
O deputado pelo círculo da Europa, Francisco Pereira, apresenta-se também ao sufrágio interno e propõe, como meta, alcançar o estatuto de país de desenvolvimento médio alto, através de uma linha de governação “progressista, de esquerda democrática”.
O candidato pretende “resgatar” os destinos do país, com um partido unido.
O empresário e presidente da Câmara de Turismo de Cabo Verde, Jorge Spencer Lima, é igualmente candidato e pretende reafirmar a “identidade de esquerda democrática” do partido, bem como a sua vocação para a governação baseada em justiça social, inovação e crescimento sustentável.
No domingo, o PAICV vai ter mesas de voto abertas nas ilhas.
Nas eleições internas de 2021, com um único candidato, participaram mais de 40% de cerca de 35 mil militantes.