Por LUSA
O ministro da Agricultura e Ambiente cabo-verdiano, Gilberto Silva, disse no parlamento, que a produção de água foi restabelecida na Praia e prevê a normalização do abastecimento durante os próximos dias.
Numa intervenção no debate sobre o fornecimento de água para o consumo e irrigação no país, o ministro avançou que uma avaria causou dificuldades no abastecimento, deixando famílias a viver sem água durante semanas na capital de Cabo Verde.
Mas avançou que a Electra restabeleceu a produção há dois dias com três dessalinizadoras e a empresa de distribuição, Águas de Santiago (AdS), garantiu que isso permitirá normalizar o abastecimento nos próximos dias.
“O Governo já decidiu pela implementação de medidas contingenciais que permitem aumentar nos próximos meses em mais cerca de 3.200 metros cúbicos de água por dia”, referiu o governante.
Gilberto Silva acrescentou que será acelerado o processo de “manutenção profunda” das dessalinizadoras e a redução das perdas através do programa em curso de eficiência hídrica, com intervenções orçadas em 500 milhões de escudos (4,5 milhões de euros).
Gilberto Silva anunciou outras “medidas estruturantes”, como a execução de investimentos para mobilizar mais 15.000 metros cúbicos de água por dia e outras infraestruturas de rede na Praia, cuja contratualização está a ser negociada.
Em declarações à Lusa, o presidente da AdS, Nilton Duarte, avançou que a Electra estava a entregar 12 mil toneladas de água, mas são precisos cerca de 15 mil por dia para satisfazer as necessidades da capital do país.
A situação obrigou a empresa a pôr em curso um “plano de contingência” para racionalizar a distribuição, com horários definidos para cada zona, deixando várias famílias sem água durante semanas.
A empresa foi criada oficialmente em maio de 2014, no âmbito da reforma do setor da água e saneamento, promovida pelo Governo de Cabo Verde em parceria com os municípios de Santiago e com apoio financeiro da Millennium Challenge Corporation (MCC), fundo público norte-americano de apoio ao desenvolvimento.
Com sede em Assomada, município de Santa Catarina, a empresa tem como acionistas o Estado (49%) e os nove municípios da ilha de Santiago, a maior do arquipélago, com cerca de 235 mil habitantes.
Na intervenção no debate solicitado pelo grupo parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), o ministro da Agricultura e Ambiente apontou vários outros investimentos na mobilização e distribuição de água realizados nos últimos oito anos, que aumentaram a taxa de ligação às redes de 64,1% em 2015 para 73,8% em 2022.
A deputada do PAICV Rosa Rocha notou que o país vem-se confrontando, nos últimos tempos, com a problemática da água, quer para o consumo, quer para a agricultura, com a situação mais grave na Praia, e pediu melhorias na situação atual.
O deputado do grupo parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD, no poder) Adilson Fernandes reconheceu os desafios do país, com anos sucessivos de seca, mas frisou que Cabo Verde obteve “avanços significativos” no domínio da água e saneamento nos últimos anos.