Por LUSA
O Governo cabo-verdiano pediu hoje à Organização Mundial do Comércio (OMC) uma “maior compreensão” das especificidades dos Estados insulares no comércio mundial, no dia em que a organização inicia a segunda revisão da política comercial do país.
“Na construção desse mercado global, Cabo Verde defende e tem defendido sempre maior compreensão às especificidades dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS, na sigla em inglês)”, pediu o ministro da Indústria, Comércio e Energia cabo-verdiano, Alexandre Monteiro.
O governante falava, na Praia, no arranque de uma missão preparatória da OMC para a Revisão da Política Comercial de Cabo Verde, a segunda, depois da primeira em 2015, desde a adesão do país à organização, em 2008.
O governante constatou que os SIDS representam menos de 1% da populaça global, contribuem com apenas 0,4% para o PIB global, mas são cerca de 20% do número dos países no mundo e controlam cerca de 30% da dimensão oceânica.
No caso de Cabo Verde, um mercado reduzido em termos geográficos e demográfico, o ministro disse que é “altamente dependente” do mercado internacional, de onde importa mais de 80% dos produtos que consome, e é “altamente vulnerável” a choques externos.
“A diversificação da economia constitui uma das prioridades do Governo para aumentar a resiliência socioeconómica do país”, afirmou.
Em declarações à imprensa, Robson Fernandes, analista de políticas comerciais da OMC, disse que a organização tem “considerações especiais” para com as economias mais vulneráveis, para que todos possam tirar os melhores benefícios da participação no comércio internacional e possibilitar investimento estrangeiro.
O responsável elogiou as políticas comerciais de Cabo Verde para superar a crise provocada pela pandemia da covid-19 e disse que “está aberto” ao comércio internacional e é um “polo de atração de investimentos”, sobretudo no turismo.
“Cabo Verde teve um grande êxito nos últimos dois anos, com um grande crescimento do seu Produto Interno Bruto (PIB) e isso indica, claramente, que as políticas estão sendo implementadas” para superar os choques externos e criar condições para melhorar o ambiente de negócios, analisou.
O exame foi estabelecido em 1989, antes mesmo da criação da organização (1995), e é um exercício onde cada membro pode analisar e conhecer as políticas e boas práticas de outros países que podem servir de exemplos e propicia o melhor funcionamento do comércio mundial.
Robson Fernandes deixou bem claro que não se trata de uma missão de julgamento nem para impor nada a Cabo Verde, mas sim um exercício que promove a transparência.
Durante dois dias, membros da OMC vão manter contacto direto com diversos serviços e setores envolvidos na política comercial de Cabo Verde, para recolher informações para a elaboração do Relatório Final da política comercial do arquipélago.
A segunda visita ao arquipélago vai acontecer em dezembro próximo e a revisão deverá ficar concluída em maio de 2025.