Por LUSA
O PAICV, maior partido da oposição cabo-verdiana, criticou o “falhanço” do Governo na área ambiental, dando como exemplo a redução da penetração de energias renováveis de cerca de 25% em 2016 para perto de 16% atualmente.
Na sua intervenção no parlamento, no debate mensal como o primeiro-ministro, sobre o tema das alterações climáticas, o deputado Armindo Freitas, do grupo parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), começou por notar que o atual executivo “tem falhado em várias dimensões” nesse setor.
E recordou várias medidas e investimentos do anterior Governo do seu partido, que entendeu deu uma “grande contribuição” no combate às alterações climáticas, enquanto registou um “falhanço em toda a linha” do atual executivo.
O porta-voz do grupo parlamentar do PAICV afirmou que há um “retrocesso total” na política de transição energética, desaceleração e falta de investimentos estruturantes e diminuição do rácio de penetração de energias renováveis de cerca de 25% em 2026 para perto de 16% atualmente.
Também referiu desinvestimento e desmantelamento de áreas protegidas, falta de projetos de reordenamento e manutenção florestal e “fracasso total” na mobilização de água para consumo doméstico e para rega.
“Um Governo com dificuldades em implementar medidas de gestão pesqueira, o que põe em causa a sustentabilidade da biodiversidade”, insistiu Armindo Freitas, dizendo que tudo isso coloca o país longe das metas traçadas.
“É tempo de agir de forma visionária e estratégica, inovadora, estruturante e corajosa”, apelou.
O tema do debate mensal com o primeiro-ministro foi proposto pela União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição), com o deputado do partido António Monteiro a considerar que, mais do que uma ação coletiva, é preciso uma consciência individual na alteração climática.
“Se nós não interiorizarmos que é este o caminho, por mais que se faça política, por mais que se queira alterar, dificilmente chegaremos lá. A responsabilidade também é muito individual, é forma como nós agimos no dia-a-dia, é da forma como nós vemos o consumo energético na nossa casa, é da forma como nós nos deslocamos”, mostrou.
Criticando “muita conversa” a nível mundial e nacional, o deputado considerou que cabe ao Governo iniciar essa educação nas escolas, e disse que é preciso “agir agora” e “apostar forte e feio” nas energias renováveis.
O deputado do grupo parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD, no poder) Euclides Silva lembrou os impactos dos fenómenos climáticos em Cabo Verde e disse que o arquipélago pode desempenhar um “papel crucial” na promoção de práticas sustentáveis e na implementação de soluções inovadoras para combater as alterações climáticas.
Enumerando “avanços importantes” na eficiência energética nos últimos sete anos, disse que o país está a construir um “novo setor energético”, com metas bem definidas, entre elas atingir 30% de produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis até 2025.
Também pretende ultrapassar 50% de eletricidade produzida a partir de fontes renováveis até 2030 e quase 100% em 2040, além de chegar a 2050 com todos os veículos movidos a motor elétrico.
O porta-voz do grupo parlamentar do MpD reconheceu que as alterações climáticas são um “desafio complexo” que exigem “ação contínua e coordenada”.