Por LUSA/RTP
Francisco Carvalho, novo presidente do PAICV, maior partido da oposição cabo-verdiana, afirmou que vai liderar com “escuta” e “mobilização”, rumo às legislativas de 2026, no último dia do congresso, que elegeu novos órgãos.
“O PAICV precisa de ser uma força coletiva, movida por ideias, unida em torno de propósitos e não fragmentada por vaidades. Vamos apostar numa liderança que escute mais, que una mais, que organize melhor e que mobilize sempre. A vitória em 2026 começa com o trabalho de base, credibilidade das nossas propostas e confiança do nosso povo”, declarou, no encerramento do 18.º Congresso Nacional do partido.
Carvalho defendeu que a resposta aos desafios do país deve passar por uma “política séria, com visão, coragem e humanidade”.
“Esta é a política que o PAICV representa e que eu, como vosso presidente, me comprometo a exercer”, referiu.
Aquele que é também presidente da Câmara Municipal da Praia disse que o partido não tem “medo de governar” e teve resultados visíveis em áreas como infraestruturas, educação, saúde, descentralização e estabilidade institucional, antes dos dois mandatos do Movimento para a Democracia (MpD), que governa desde 2016.
“Já o fizemos com provas dadas, mas queremos governar melhor, com mais rigor, mais participação e mais inovação”, referiu.
“Meio século de história (pós-independência) desafia-nos a olhar para trás e refletir sobre o caminho percorrido. Um percurso extraordinário, com conquistas importantes, mas que nos impõe a responsabilidade de acelerar o passo com cautela, sim, mas com ambição e ousadia”, apontou.
No seu discurso, tal como já havia feito na sexta-feira, Francisco Carvalho agradeceu à antiga presidente do PAICV Janira Hopffer Almada, de regresso ao Conselho Nacional, reconhecendo que foi a aposta da líder, em 2020, que o levou a candidatar-se à Câmara da Praia e que abriu caminho à sua ascensão no partido e à candidatura a primeiro-ministro.
No novo Conselho Nacional, eleito com 54 membros, está também Nuías Silva, que já integrava o órgão e foi candidato à liderança nas eleições internas a 25 de maio, Francisco Pereira, que também concorreu, e a ex-ministra de Estado Sara Lopes.
Também no último dia do congresso, Ana Gommel foi eleita presidente da Comissão Nacional de Jurisdição e Fiscalização, cujo novo elenco inclui Marco Paulo Modesto como vice-presidente, além de cinco vogais.
O congresso, que decorreu desde sexta-feira na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), na cidade da Praia, contou com cerca de 500 delegados do país e da diáspora.
Foi o primeiro após as autárquicas de dezembro de 2024, nas quais o PAICV venceu em 15 dos 22 municípios e em que Francisco Carvalho reforçou a sua posição à frente da Câmara da Praia, sendo depois eleito presidente do partido a 25 de maio, com quase 62% dos votos.
Na moção estratégica, apresentada no sábado, propõe ensino superior e cuidados de saúde gratuitos, reestruturação dos transportes interilhas, combate à corrupção, aposta em energias renováveis e reformas institucionais com vista às legislativas de 2026.