Por LUSA
As Forças Armadas de Cabo Verde vão rever a questão da obesidade e introduzir novos testes à saúde na inspeção aos jovens que entram para o serviço militar, disse fonte da instituição castrense cabo-verdiana.
A garantia foi dada, na cidade da Praia, pelo Chefe de Estado Maior das Forças Armadas (CEMFA), António Duarte Monteiro, em conferência de imprensa para revelar as causas da morte de um recruta há duas semanas, com uma doença silenciosa que não foi detetada na inspeção.
Outra causa básica do óbito foi a obesidade, de nível 1, tendo o CEMFA avançado que está a ser trabalhada uma nova tabela com testes psicofísicos, em que a questão da obesidade “poderá ser revista”.
“Mas, até ao momento, a obesidade da classe 1 não é um requisito para ser considerado como inapto”, explicou, dando conta que há outras questões e doenças em cima da mesa, como epilepsia e glicemia, para as quais se deverá começar a fazer testes logo à entrada do centro de Instrução Militar Morro Branco, em São Vicente.
“É normal que o mundo está em transformação e existem novas patologias que não existiam no passado. Certamente, vamos promover, sim, na tabela que vai entrar em uso oportunamente alguns ajustes em relação ao que existia anteriormente”, perspetivou.
António Duarte Monteiro avisou que a ideia não é fazer inspeções a todos os recrutas, por ser uma tarefa que não se usa em lado nenhum, mas sim aos que aparentam ter alguma patologia.
“As inspeções são feitas de forma objetiva e, havendo a necessidade de se proceder a uma inspeção mais aprofundada de um determinado recruta, por evidenciar determinadas evidências, isto é feito”, mencionou.
Além da junta médica, feita nos concelhos de origem, Duarte Monteiro adiantou que os recrutas são questionados se têm alguma patologia, se têm histórico familiar, entre outras questões, e, não havendo nada que possa indicar que tenha algo, é dado como apto.
O caso da morte do recruta militar na ilha de São Vicente levou a abertura de três inquéritos, um deles no Ministério da Defesa, sobre as práticas e procedimentos na instrução, e dois nas Forças Armadas, para verificar as circunstâncias do falecimento.
Segundo informação divulgada na altura pelo Ministério da Defesa, o recruta, de 20 anos, “sentiu-se maldisposto na etapa final de uma marcha administrativa, tendo de imediato recebido os primeiros socorros do médico militar e do socorrista que acompanhavam a referida marcha”.
O jovem, que era natural da localidade de Queimada Guincho, na ilha do Fogo, foi assistido, primeiro, na enfermaria do Centro de Instrução Militar do Morro Branco, de onde foi transferido para as urgências do Hospital Batista de Sousa (HBS), no Mindelo.
Já sob observação naquela unidade, “apesar de uma ligeira melhoria, o quadro era preocupante”, acabando por falecer no dia 13 de outubro, após cinco paragens respiratórias.
Este não é o primeiro caso do género, já que em outubro de 2019 um jovem de 21 anos, natural da Praia, acabou por falecer, após desmaiar no centro de instrução militar em São Vicente.
Na altura, o jovem foi assistido no Hospital Baptista de Sousa, mas o quadro clínico viria a piorar, com hipotensão brusca (baixa tensão), seguido de paragens respiratórias, uma delas irreversível, resultando na sua morte, que levaram as Forças Armadas a abrir um inquérito.