Por LUSA
A economia cabo-verdiana cresceu 5,1% em 2023, menos 12,3 pontos percentuais em comparação com o ano anterior, de acordo com dados divulgados hoje pelo banco central.
No Relatório do Estado da Economia, o Banco de Cabo Verde (BCV) constatou que o contexto externo da economia no país foi “menos favorável” no ano passado, tendo sido “marcado pelo abrandamento da atividade económica mundial e dos principais parceiros económicos”.
“O Produto Interno Bruto (PIB) nacional em volume registou um crescimento em 2023 de 5,1 por cento, mais consentâneo com o potencial de crescimento”, frisou o BCV.
Em maio, primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, disse que o Governo quer aumentar o potencial de crescimento económico do país para além dos atuais 5%.
Depois da forte contração económica de 20,8% em 2020, devido à crise provocada pela pandemia da covid-19, o país cresceu 7% em 2021 e 17,4% em 2022, de acordo com os dados do banco central.
Para este ano, o BCV prevê um crescimento da economia do arquipélago de 5%, enquanto o Governo prevê que seja de 4,7%, mesmo valor projetado pelo Fundo Monetário Internacional.
Segundo o BCV, o desempenho da atividade económica em Cabo Verde ainda está condicionado pelo contexto externo, pelo desvanecimento dos efeitos positivos de arrastamento do processo de recuperação da crise pandémica, bem como, aos efeitos cumulativos adversos da inflação sobre o rendimento disponível real das famílias e sobre a procura mais contida.
Em 2023, o país registou uma evolução menos favorável em termos homólogos do valor acrescentado bruto dos setores ligados ao turismo, aliado a uma moderação do consumo privado e redução do investimento, avançou o banco central.
Ainda no relatório do estado da Economia, o BCV concluiu que no ano passado a taxa de inflação média anual situou-se em 3,7%, menor do que os 7,9% em 2022.
Os dados refletem “a baixa dos preços dos produtos energéticos e dos produtos alimentares no mercado internacional, a fraca procura, bem como, efeitos de base descendentes, com uma clara tendência de diminuição das pressões inflacionistas no país”, concluiu.
No período em análise, o défice da balança corrente registou uma melhoria, passando a representar 2,5% do PIB, quando no ano passado era de 3,1%.
Contribuíram para a melhoria os aumentos nas exportações de serviços de viagens de turismo, nas transferências correntes oficiais e nos rendimentos provenientes das reservas internacionais líquidas, bem como o “forte abrandamento” das importações de bens e serviços.
No ano passado, o ‘stock’ de reservas internacionais líquidas do país aumentou para os 685 milhões de euros, permitindo garantir 6,2 meses das importações de bens e serviços, mais dois meses do que no ano anterior.
“As entradas líquidas de fundos para a economia foram suficientes para cobrir as necessidades de financiamento da economia, pelo que o país acumulou cerca de 46 milhões de euros em ativos de reserva no final do ano”, lê-se no relatório.
Em 2023, a taxa de desemprego em Cabo Verde foi de 10,3% e a dívida pública foi de 112,2%.