Por LUSA/RTP
Deputados de Cabo Verde exigiram hoje justiça após a morte de Odair Moniz, em Portugal, baleado por um agente da polícia, condenando o que classificam como “racismo” e exigindo um “posicionamento claro e duro” do Estado.
“É condenável (e, depois de) haver resultado do inquérito, creio que o Estado de Cabo Verde deverá ter um posicionamento claro, duro, porque já estamos numa fase de desenvolvimento da humanidade em que não se pode permitir o racismo”, afirmou Orlando Dias, deputado do Movimento para a Democracia (MpD, no poder).
As declarações foram feitas no parlamento, durante a segunda sessão plenária de outubro, que decorre até quinta-feira, na qual o caso de Odair Moniz foi hoje debatido.
Por sua vez, o deputado do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) João Baptista Pereira criticou a “maneira como os cabo-verdianos são tratados em Portugal”, afirmando que a morte de Odair Moniz “não é um caso isolado” e reflete um “racismo estrutural”.
A deputada da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição) Zilda Oliveira manifestou apoio à família de Odair e apelou à calma na comunidade cabo-verdiana, afirmando que “a violência não pode ser combatida com violência”.
“Aguardamos os resultados do inquérito e esperamos que se faça justiça. Nós somos todos seres humanos, independentemente da cor, da origem e da cultura”, acrescentou.
Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de 21 de outubro, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no hospital.
A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos, e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.
Nos dias seguintes, o Presidente, José Maria Neves, e o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, expressaram confiança na justiça portuguesa e apelaram à serenidade, repudiando declarações contra a imigração cabo-verdiana, nomeadamente por parte do partido Chega.