Por LUSA
O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique prevê uma “ligeira aceleração” da inflação no país até final do ano, mas inferior a 6%, conforme relatório divulgado hoje.
“As perspetivas de curto prazo apontam para uma ligeira aceleração da inflação. Estas perspetivas refletem o fim da época fresca, o agravamento das tarifas na portagem da Moamba e o aumento dos preços de combustíveis e de produtos alimentares na África do Sul”, lê-se no relatório “Conjuntura Económica e Perspetivas de Inflação”. Contudo, alerta-se no relatório, “prevalecem como riscos” a estas perspetivas as “incertezas” quanto “ao ajustamento dos preços de combustíveis a nível doméstico” e “a magnitude dos efeitos e impacto do fenómeno ‘El Niño'”. “Os agentes económicos reviram em baixa as suas perspetivas de inflação para o fecho do ano. Em setembro de 2023, as expetativas dos agentes económicos indicam que, em dezembro de 2023, a inflação anual poderá situar-se em 5,88 %, depois de 6,39 % revelado no inquérito precedente (em agosto)”, acrescenta-se no relatório do CPMO do banco central. A inflação anual em Moçambique reduziu-se para 4,9 % em agosto, depois de 5,7 % em julho, explicada, segundo o banco central, “principalmente, pela queda dos preços de bens alimentares, favorecida pelo prolongamento da época fresca, num contexto de estabilidade do metical”. Estas perspetivas levaram o Comité de Política Monetária, em 22 de setembro, a decidir manter a taxa de juro de política monetária em 17,25%: “Esta decisão é sustentada pelo agravamento dos riscos e incertezas associados às projeções da inflação, não obstante as perspetivas da sua manutenção em um dígito no médio prazo. Mantêm-se as perspetivas de inflação de um dígito no médio prazo”. Acrescenta-se que “os riscos e incertezas subjacentes às projeções da inflação agravaram-se” nas últimas semanas e que a nível interno “prevê-se a prevalência da pressão sobre a despesa pública e das incertezas quanto à evolução e aos efeitos de eventos climáticos extremos”. “Na envolvente externa, destacam-se as incertezas quanto à magnitude do impacto do prolongamento e escalada do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, bem como a tendência recente para aumento dos preços dos combustíveis. A materialização destes riscos poderá concorrer para uma aceleração da inflação, desviando-a da trajetória esperada”, alerta-se igualmente no relatório.