Por LUSA
O Banco de Moçambique anunciou hoje ter indicado um quadro próprio para inspetor residente no Banco Internacional de Moçambique (BIM), do grupo português BCP, para monitorar o sistema de pagamentos e o modelo de negócio.
Em comunicado, o banco central referiu que o inspetor residente Hélder Manuel Chachuaio Muianga iniciou funções em 02 de maio, inserindo-se esta decisão no campo da “supervisão”, mas garantindo que o banco “continua sólido e estável”.
“O inspetor residente irá, dentre outras tarefas, monitorar o sistema de pagamentos, o modelo de negócio e a estratégia do banco, acompanhar e analisar os desenvolvimentos no sistema de gestão e de controlo interno do banco, e participar em reuniões relevantes dos órgãos colegiais”, lê-se no comunicado.
O Millennium BIM, o segundo maior banco de Moçambique, participado também pelo Estado moçambicano, publicou hoje um pedido de desculpas aos clientes “pelas várias anomalias” na utilização dos cartões, ATM e POS “nos últimos dias”.
Estes problemas, aparentemente envolvem a nova rede interbancária em Moçambique e que têm afetado vários outros bancos, motivando queixas generalizadas de clientes e empresários, por dificuldades nos pagamentos.
“As nossas equipas têm estado a trabalhar intensamente por forma a resolver estes problemas. Neste momento a situação está normalizada e os serviços restabelecidos. Continuaremos a monitorar a situação, por forma a assegurar a disponibilidade dos mesmos”, lê-se na mesma mensagem do Millennium BIM.
À data de 31 de dezembro de 2023, contava com um capital social de 4.500 milhões de meticais (65,7 milhões de euros), a maioria detido pelo BCP África (grupo Millennium BCP), com 66,69%, seguido do Estado de Moçambique (17,12%), do Instituto Nacional de Segurança Social moçambicano (4,95%) e da Empresa Moçambicana de Seguros (4,15%), entre outros.
Os lucros do BIM aumentaram 8,2% em 2023, face ao ano anterior, para 7.211 milhões de meticais (105,3 milhões de euros), segundo o relatório e contas divulgado anteriormente pela Lusa.
O Millennium BIM tinha apresentado lucros de 6.613 milhões de meticais (96,6 milhões de euros) no exercício de 2022 e fechou o ano passado com 2.574 trabalhadores (+2,8%), mais de 1,9 milhões de clientes (quase mais de 100 mil num ano) e 195 balcões.
“Pese embora o cenário desafiador, o Millennium BIM mantém-se sólido e resiliente, sustentado por boa governação, gestão sã e prudente do risco e rigor no cumprimento dos normativos regulamentares”, lê-se na mensagem do conselho de administração no relatório e contas de 2023.
O banco aprovou uma proposta da administração para distribuir 82,5% dos lucros de 2023 em dividendos aos acionistas, liderados pelo BCP, equivalente a quase 5.949 milhões de meticais (86,9 milhões de euros), aplicando o restante em reservas.
O Millennium BIM fechou o ano com um ativo total que caiu 0,66%, para 190.385 milhões de meticais (2.781 milhões de euros), enquanto o crédito líquido a clientes subiu 3,29%, para 44.208 milhões de meticais (645,7 milhões de euros), os recursos dos clientes (depósitos) recuaram 3,76%, para 146.447 milhões de meticais (2.139 milhões de euros), e o capital próprio subiu 6,83%, para 36.885 milhões de meticais (538,8 milhões de euros).
Do crédito total concedido pelo BIM no final de 2023, pouco mais de 3% estava em situação de incumprimento, contra os 7,85% em 2022.
O produto bancário aumentou 1,4% em 2023, para 18.196 milhões de meticais (265,7 milhões de euros) e a margem financeira 2,3%, equivalente a mais 312 milhões de meticais (4,5 milhões de euros), “influenciado pelo aumento da rendibilidade dos ativos financeiros, pese embora o aumento das reservas obrigatórias”, decidida pelo Banco de Moçambique, “tenha contribuído para a redução da carteira de aplicações”, lê-se no relatório.
O BIM iniciou atividade em outubro de 1995, em resultado de uma parceria estratégica entre o Banco Comercial Português (Millennium BCP) e o Estado Moçambicano.