Por LUSA
O representante da USAID em Angola disse hoje que são inúmeros os desafios para a interligação elétrica do Corredor do Lobito à República Democrática do Congo (RDC) e Zâmbia, como o subsídio ao preço da eletricidade.
“Cria uma barreira bem alta para o investimento privado, por exemplo, mas o Governo angolano está a implementar reformas para mudar esta política, reduzindo esses subsídios ineficazes para o povo angolano”, disse William Butterfield em declarações à imprensa.
O Governo dos Estados Unidos da América está a promover hoje, no Lobito, província de Benguela, uma Conferência sobre a Coordenação do Apoio ao Corredor do Lobito, projeto ferroviário que ligará Angola às zonas de minérios da República Democrática do Congo e da Zâmbia.
Esta iniciativa da Power África e da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), segundo William Butterfield, juntou o setor privado com doadores internacionais para elaborar um plano de investimento privado, que vai apoiar não apenas o desenvolvimento do setor energético, mas também o desenvolvimento geral.
O responsável destacou que as energias limpas são a melhor forma de energia e o foco desta conferência é promovê-la, destacando que este tema é o principal assunto de investimento a ser abordado durante a visita, de 13 a 15 de outubro, que o Presidente dos EUA, Joe Biden, realiza a Angola.
“O investimento no setor energético tem um peso muito importante no desenvolvimento das comunidades, especialmente das comunidades rurais”, disse o representante da USAID em Angola, destacando o projeto de apoio aos camponeses para o aumento da produção, principalmente o empoderamento da mulher.
Em declarações à Lusa, a presidente do conselho de administração da Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo (ADPP), Rikke Viholm, disse que ao longo do Corredor do Lobito estão a ser implementados vários projetos nas áreas de educação, saúde e agricultura, nesta última com o apoio a 8.000 mulheres agricultoras, nas zonas de Cubal, Ganda, Catabola e Londuimbali.
Rikke Viholm frisou que este projeto financiado pela USAID, Exxon Mobil e Azule Energy visa ajudar a melhorar a agricultura e a remover as barreiras em termos de literacia financeira, direito à terra e cidadania ativa.
“Temos o desejo de uma participação da Power Africa nessa iniciativa, porque as mulheres estão a ver que o crescimento está a faltar em muitas coisas (…) como acesso à energia e à água, que pode fazer crescer ainda mais a sua produção”, referiu.
Por sua vez, o diretor-adjunto da Power Africa, Ted Lawrence, disse que o foco é expandir a conexão e o objetivo é atingir os 30 mil megawatts e 60 milhões de ligações para o continente africano, frisando que há muitos desafios a nível da transmissão.
“Angola tem um alto nível de produção de energia, mas falta conexão com o sul, centro e oeste do continente”, salientou Ted Lawrence, sublinhando que, por agora, um dos objetivos é alcançar pelo menos três gigawatts do potencial de energia existente no polo sul, com a Namíbia.
Ted Lawrence disse ainda que é preciso também ligar a parte sul do país, avançando que na terça-feira visitaram as províncias do Huambo e do Bié, tendo constatado que há comunidades que não têm acesso à energia.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, visita Angola de 13 a 15 de outubro, visando reforçar parcerias económicas e assinalar a criação da primeira rede ferroviária transcontinental de acesso livre em África.
De acordo com Ted Lawrence, o Governo de Angola estima um investimento de mais de mil milhões de dólares para a interligação elétrica do Corredor do Lobito com a RDCongo e a Zâmbia, mas a perspetiva é ir além deste valor, porque não em causa está não apenas a linha férrea, mas também “oportunidades de investimento ao longo do corredor para promover desenvolvimento”.
O Corredor do Lobito foi o primeiro corredor económico estratégico lançado sob a égide da Parceria para as Infraestruturas e Investimento Global do G7 (PGI), em maio de 2023.
À margem da Cimeira do G20 de setembro de 2023, em Nova Deli, a União Europeia e os EUA realizaram uma declaração conjunta no sentido de unir esforços para apoiar o desenvolvimento do Corredor.