Por LUSA
O secretário-geral do Sindicato de Professores do Ensino Superior de Angola (Sinpes) lamentou a má qualidade desta franja do ensino por falta de “investimentos sérios” do Estado, considerando eficiente o processo governamental de avaliação dos cursos.
Eduardo Peres Alberto, em declarações à Lusa, disse que o sindicato entende que o trabalho de avaliação realizado pelo Instituto Nacional de Avaliação, Acreditação e Reconhecimento de Estudos do Ensino Superior foi eficiente, mas pecou pelas decisões tomadas de reprovação de cursos de medicina e ciências da saúde de instituições públicas e privadas por má qualidade.
Para o sindicalista, as decisões pecam, tendo em conta que “as instituições públicas têm como patronato o próprio Governo, o Estado angolano”.
“O que significa que deveria ser a ministra do Ensino Superior, o ministério, junto do titular do poder executivo a apresentar projetos de investimentos sérios, para que de facto as instituições de ensino superior possam ganhar a qualidade necessária”, frisou.
Segundo o secretário-geral do Sinpes, o sindicato tem vindo a afirmar de forma reiterada que “o ensino superior é a chave de ouro para qualquer nação”.
“Fechar cursos durante dois anos, nós pensamos que essa decisão pecou, porque o que se precisa é de facto o investimento para potenciar as instituições do ensino superior”, referiu Eduardo Peres Alberto, defendendo que optar por esta medida é “continuar com a mediocridade”.
O Governo angolano avaliou 145 cursos de medicina e ciências da saúde, de 58 instituições públicas e privadas, sendo que dos nove de medicina três foram acreditados, por corresponderem aos padrões mínimos, e seis reprovados por estarem abaixo dos padrões aceitáveis.
Dos 145 cursos avaliados ficaram de fora um total de 83, tendo sido suspensa a admissão de novos estudantes no período de um ano, para permitir que as instituições implementem um plano de melhorias, avançou o secretário de Estado para o Ensino Superior, Eugénio Silva.
“Apelamos ao Governo de Angola, e em particular ao Ministério do Ensino Superior, que deve exigir aos gestores das universidades e unidades orgânicas a apresentação imediata de projetos para a potenciação das instituições, criando condições para laboratórios, que são fundamentais, bibliotecas, (ou seja) um investimento sério, é isso que nós defendemos”, disse.
O líder sindical realçou que os problemas são antigos, defendendo que o titular do poder executivo deveria já ter recebido o sindicato para ouvir as suas preocupações.
“Porque o sindicato não é um partido político da oposição e quando bons filhos conseguem dizer as verdades aos pais, eles devem ser ouvidos e os seus conselhos acatados. Nós esperamos que o Governo, o titular do poder executivo possa convidar o sindicato”, adiantou.
De acordo com o secretário-geral do Sinpes, “a má qualidade do ensino superior em Angola é um facto”, considerando que o problema dos cursos depende igualmente dos investimentos sérios para a devida qualidade.
“É isso que o sindicato tem dito, é isso que nós defendemos de cabeça erguida, somos filhos dessa pátria, nós não somos expatriados, e lamentavelmente, enquanto os filhos da terra reclamam as condições, vão buscar expatriados para pagarem melhor, o que é grave, um paradoxo”, criticou.
Para este ano académico, que arranca a 30 de setembro, foram distribuídas para as 106 instituições do ensino superior angolanas 191.700 vagas, menos 38.300 vagas que as disponibilizadas no ano académico anterior.