Por LUSA
O presidente angolano apelou ao “calar das armas” para a proteção dos civis e ao recurso à via diplomática para resolver os conflitos na Ucrânia e Médio Oriente.
“A partir desta cidade de Luanda, a voz dos parlamentares do mundo será ouvida apelando para o fim do conflito no Sudão, na Ucrânia e no Médio Oriente. É urgente que se calem as armas e se dê lugar à diplomacia para que se salvem as vidas dos civis, de crianças, mulheres e velhos e se evite uma catástrofe humanitária nesses conflitos”, exortou João Lourenço, na abertura da 147ª Assembleia-Geral da União Interparlamentar.
Abordou o conflito israelo-palestino, salientando os esforços diplomáticos dos líderes mundiais para que o direito humanitário seja respeitado e para que não sejam negados às populações os mais elementares direitos do cidadão mesmo em situação de guerra.
“Mesmo que este objetivo imediato seja alcançado para minimizar a dor e o sofrimento dos povos israelita e palestino, há toda a necessidade de se rebuscarem as causas profundas do conflito que dura há mais de setenta e cinco anos e que deixou milhões de palestinos sem terra, sem pátria e sem a possibilidade de regresso para a terra que sempre lhes pertenceu”, alertou o chefe do executivo angolano.
João Lourenço fez também referência às resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que reconhecem ao povo palestino “o direito inalienável” de viver no Estado da Palestina, lado a lado com o Estado de Israel.
“Só a criação efetiva do Estado da Palestina porá fim definitivo a este ciclo de ódio e violência a que o mundo assiste impotente ao longo de décadas e que já fez verter muito sangue de cidadãos palestinos e israelitas (…) Não serão os canhões que trarão a paz definitiva ao Médio Oriente, será a diplomacia”, avisou.
João Lourenço realçou que a União Interparlamentar é um “mecanismo de intervenção e advocacia das principais questões de interesse global, através do exercício da diplomacia parlamentar junto do sistema das Nações Unidas e dos Estados-Membros”.
A sua qualidade de membro observador permanente no sistema das Nações Unidas é, acrescentou, “o reconhecimento da missão e do contributo da União Interparlamentar para a estabilidade, a fraternidade e solidariedade entre os povos de todo o mundo”.
Destacou igualmente que a política externa da República de Angola reserva um amplo espaço de intervenção para a diplomacia parlamentar e congratulou-se com a organização desta 147.ª Assembleia da UIP em Angola, considerando que “é um tributo ao dinamismo da diplomacia parlamentar angolana junto das organizações internacionais e dos países da rede interparlamentar mundial”.
Para João Lourenço, a União Interparlamentar tem-se afirmado como o palco privilegiado da diplomacia parlamentar: “por isso, é nosso desejo que, neste evento e nas reuniões especializadas, possam aprofundar o debate, identificando as debilidades, os progressos e os principais desafios, superando deste modo os mecanismos de cooperação interparlamentar e as bases para o intercâmbio multilateral que unem os esforços a favor da prosperidade dos povos do mundo”, vincou.
Falou sobre a democracia em Angola como “um processo de constante evolução e superação”, apontado a reconciliação nacional e a estabilidade política como as “maiores conquistas do nosso povo”,
Disse também que tem intensificado esforços para encontrarmos soluções definitivas para normalização de alguns dos conflitos do continente africano, através de intensas ações diplomáticas e ficou “outras situações preocupantes e desfavoráveis” para a segurança mundial, nomeadamente a guerra na Europa e a proliferação de conflitos em outras latitudes, a crise dos refugiados no Mediterrâneo, etc.
Momentos antes, o discurso do presidente da UIP, Duarte Pacheco, suscitou a irritação das delegações de alguns países, entre os quais Israel e Irão, com parlamentares indignados a gritarem “shame on you” (vergonha).