Por LUSA
O ministro das Relações Exteriores de Angola solicitou ao presidente em exercício da Comunidade Económica dos Estados da África Central e Presidente da Guiné Equatorial para que interceda no caso da invasão da residência do presidente da organização, no Gabão.
Um comunicado de imprensa do Ministério das Relações Exteriores angolano refere que o encontro entre o ministro Téte António e o Presidente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo realizou-se sábado, em Kampala, a capital do Uganda.
No encontro, o ministro angolano apelou a Obiang para “interceder junto das autoridades gabonesas sobre o sucedido, apelando às autoridades gabonesas a observarem os princípios de proteção e salvaguarda da segurança e integridade físicas de entidades diplomáticas acreditadas naquele país, plasmadas nos distintos diplomas legais do direito internacional, bem como das organizações continentais, regionais e sub-regionais”, lê-se na nota.
Angola anunciou no sábado que a casa do presidente da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), Gilberto Veríssimo, de nacionalidade angolana, foi assaltada em Libreville e pediu explicações ao Gabão na sequência deste incidente diplomático.
“O embaixador Gilberto da Piedade Veríssimo viu a sua residência invadida por homens armados e fardados, de nacionalidade gabonesa, na manhã de quarta-feira, 17 de janeiro, que o molestaram psicologicamente, enquanto vasculhavam os compartimentos da sua residência”, prossegue a nota do Ministério das Relações Exteriores angolano.
O encontro entre Téte António e Teodoro Obiang Nguema Mbasogo durou aproximadamente 30 minutos e “serviu para o chefe da diplomacia angolana manifestar a sua profunda indignação face ao atentado à segurança e à integridade físicas do embaixador angolano Gilberto da Piedade Veríssimo, que exerce as funções legítimas de presidente da CEEAC, com sede em Libreville, República do Gabão”, indica a nota.
Angola recordou o comunicado final da V Sessão Extraordinária da Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da CEEAC, no quadro do Conselho para a Paz e Segurança em África, divulgado em dezembro do ano passado, em Djibloho, Guiné Equatorial, que “instou expressamente o Governo da República Gabonesa a continuar a garantir condições de segurança” ao presidente, membros e a todo o pessoal da Comissão.
Por seu turno, o Gabão anunciou que foi aberto um inquérito para determinar os autores deste “ato lamentável” e “as condições em que foi cometido”.
Em comunicado, o Ministério do Interior e da Segurança do Gabão reafirma que o país, “consciente da sua reputação de hospitalidade e do seu estatuto diplomático em África, não tenciona abandonar os seus compromissos internacionais e comunitários em matéria de proteção dos diplomatas, missões diplomáticas e organizações internacionais acreditadas no seu território, no pleno gozo dos privilégios e imunidades diplomáticas que lhe estão associados”.
Angola “manifestou profundo desagrado pelo sucedido, repudiou veementemente o ocorrido e exigiu das autoridades gabonesas explicações plausíveis” sobre o caso.
A secretária de Estado para as Relações Exteriores, Esmeralda Mendonça, apelou à “tomada de medidas severas contra os autores de tal ato”, sublinhando que “pôs em causa a segurança e a integridade física das entidades daquela organização sub-regional, que exercem o seu legítimo mandato naquele país que detém a sede da CEEAC”.