Por LUSA
A Associação dos Motoqueiros e Transportadores de Angola (Amotrang) congratulou-se com o fim dos cartões de combustíveis, sublinhando que a maioria dos mototaxistas não beneficiava desta regalia.
Em declarações à Lusa, Bento Rafael afirmou que o número de cartões, que surgiram como medida de mitigação após ter sido anunciada, no ano passado, a retirada gradual dos subsídios aos combustíveis atribuídos aos mototaxistas, era muito reduzido, pelo que a maior parte destes profissionais já pagavam a gasolina ao preço normal.
Isto causava grandes diferenças entre os que beneficiavam da isenção e os que não beneficiavam, criando concorrência desleal, salientou, acrescentando que os mototaxistas se autorregularam passando a determinar previamente o preço das corridas.
“Passaram a acertar previamente com o cliente”, tendo em conta o ponto de origem e o destino, disse o responsável da Amotrang, realçando que a existência dos cartões “causava mais problemas do que trazia benefícios”.
“Já há muito que pedíamos que se acabasse com isso, muitos indivíduos que não eram taxistas nem mototaxistas usavam dezenas de cartões”, disse à Lusa.
“O processo não foi bem dirigido. Os cartões eram usados em esquemas e não beneficiavam os mototáxis”, reforçou, sem explicar como eram obtidos.
Bento Rafael fez um apelo para que pessoas estranhas ao processo não criem “momentos de desinformação” contra a medida, aproveitando para aumentar novamente os preços.
O Governo angolano anunciou a 01 de junho do ano passado, a retirada gradual do subsídio aos combustíveis, que começou pela gasolina, mas isentando algumas atividades económicas.
Entre estas incluíam-se atividades agropastoris familiares, pesca artesanal, taxistas e moto taxistas, através da entrega de cartões com um plafond diário de 7.000 kwanzas (8 euros) para cobrir o diferencial entre os 160 kwanzas (0,17euros) por litro que custava a gasolina e os atuais 300 kwanzas (0,33 euros).
O Presidente angolano aprovou na quinta-feira o fim das isenções, a partir de 30 de abril, segundo um decreto publicado no Diário da República.
O diploma justifica a eliminação desta medida de mitigação com “a necessidade de se salvaguardar os fins e efeitos da reforma dos preços dos combustíveis, prevenir distorções na formação de preços e garantir a sustentabilidade das finanças públicas”.
Em 2022, a subvenção aos preços dos combustíveis ascendeu a cerca de 1,98 biliões de kwanzas, o correspondente, ao câmbio atual, a 3,8 mil milhões de dólares (3,5 mil milhões de euros).