Por LUSA
A agência de notação financeira Fitch decidiu manter o rating de Angola em B- e a Perspetiva de Evolução em Estável, prevendo crescimentos de 1,8% e 2,2% neste e no próximo ano.
“O ‘rating’ de Angola reflete os fracos indicadores de governação, a elevada inflação, os elevados níveis de dívida pública em moeda externa e um dos mais altos níveis de dependência de matérias-primas entre os países avaliados pela Fitch Ratings”, escrevem os analistas na nota que dá conta da manutenção do rating em B-, abaixo da recomendação de investimento.
Na análise, os peritos desta agência de ‘rating’ detida pelos mesmos donos da consultora Fitch Solutions explicam que “estes dados são compensados pelas maiores reservas internacionais face aos seus pares, excedentes da balança corrente e riscos geríveis de pagamento da dívida devido a um ambiente positivo dos preços do petróleo nos próximos dois anos”.
Os analistas da Fitch apontam, na informação divulgada na sexta-feira à noite, que o PIB de Angola deverá crescer 1,8% este ano e 2,2% em 2025, essencialmente devido à economia não petrolífera, depois de no ano passado o crescimento da economia ter sido de apenas 0,8%.
Ainda assim, apontam, “o crescimento económico será limitado pela elevada inflação, parcialmente devido à reforma dos subsídios aos combustíveis, e contínuas limitações na oferta interna de moeda externa”, escreve a Fitch Ratings, acrescentando que a subida dos preços deverá ser de 28%, em média, este ano, e 18% em 2025, o que compara com a média de 15,2% no ano passado.
Sobre a dívida pública, a Fitch salienta os elevados montantes de amortizações que o país terá de pagar neste e no próximo ano, que subirão para 6,5 mil milhões de dólares (6 mil milhões de euros) este ano, e 6 mil milhões de dólares (5,5 mil milhões de euros) em 2025, face aos 5,6 mil milhões de dólares (5,2 mil milhões de euros) pagos no ano passado.
“Estas amortizações mais altas refletem o fim da moratória dos credores chineses em junho de 2023 e serão cumpridas através de uma combinação da utilização das receitas petrolíferas, desembolsos de fontes bilaterais e multilaterais, linhas de financiamento de bancos comerciais e liquidez na conta de garantia relacionada com os empréstimos da China que usam petróleo como garantia colateral”, diz a Fitch Ratings na nota enviada à Lusa.
Os pagamentos da dívida, apontam ainda os analistas, serão também “suportados pelo recentemente anunciado acordo com os credores chineses, segundo o qual Angola poderá usar parte da liquidez das contas de garantia, entre 150 a 200 milhões de dólares (139 a 186 mil milhões de euros) por mês, para servir a dívida a outros credores”.