Por LUSA
A petrolífera ACREP anunciou hoje a sua entrada na bolsa angolana, que envolve a venda dos 16,63% que o Estado angolano detêm na empresa e um aumento de capital, numa oferta total de 92 milhões de euros.
A apresentação aos investidores foi feita hoje, em Luanda, com detalhes sobre os ativos, indicadores financeiros e estratégia da petrolífera, a segunda maior operadora privada em Angola, depois da Etu Energias.
A operação combina uma Oferta Pública de Subscrição (OPS) com uma emissão de até 600.890 ações, representativas de 24,99% do capital da empresa, e uma Oferta Publica de Venda (OPV) de 300.000 ações pertencentes ao Estado através do Banco de Poupança e Crédito (BPC), uma participação de 16,63% que pode render-lhe cerca de 31 milhões de euros.
Com admissão à negociação prevista para 15 de março, a operação tornará a ACREP na primeira empresa privada do setor de petróleo e gás a ser cotada na Bolsa de Divida e Valores de Angola (BODIVA).
No total serão admitidas 900.890 ações com um valor potencial de 82.431 milhões de kwanzas (cerca de 92 milhões de euros) com um preço entre um intervalo mínimo de 75.000 kwanzas e máximo de 91.500 kwanzas (84 e 102 euros).
Isto significa que o Estado angolano pode arrecadar até 27.450 milhões de kwanzas, ou seja cerca de 31 milhões de euros, enquanto a ACREP, se a operação for bem sucedida, garante entrada de novos acionistas e mais 55 mil milhões de kwanzas de fundos (cerca de 61 milhões de euros) para financiar a expansão das suas atividades.
O período de receção das ofertas decorre entre 09 de fevereiro e 01 de março.
Na apresentação de hoje, a presidente do conselho de administração, Marlene Costa, realçou que a empresa, que está no mercado há 20 anos e começou por se centrar na exploração de campos de petróleo ‘onshore’ maduros, detém um portfolio de ativos diversificado, com dois blocos em pesquisa, dois em produção e um onde é operadora, tendo exportado 431.500 barris e faturado cerca de 42 milhões de dólares em 2022.
O administrador do BPC, Walter Salgueiro, assegurou que o banco continuará a ser um parceiro estratégico da ACREP e destacou como “grande vantagem” de investir em bolsa, “transparência das cotadas”
Para Augusto Kalikemala, administrador executivo do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), este “é um marco do programa de privatizações” angolano, realçando que “o mercado de capitais sempre esteve na linha da frente destas operações” que começou com o Banco Angolano de Investimentos (BAI) e prossegui com o banco Caixa Angola.
“Continuamos desejosos de aprofundar o mercado de capitais e assegurar que empresas e investidores têm um meio privilegiado de concretizar os seus negócios”, destacou o responsável, acrescentando que esta operação combina dois setores muito importantes, o petrolífero e o financeiro.