Por LUSA
A distância é a principal desvantagem do novo Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto (AIAAN) realçam os passageiros do voo inaugural para Cabinda, sem deixarem de se congratular com o privilégio de estrear a infraestrutura.
“A partir de março esta será a porta de entrada em Angola” para todos os que viajam por via aérea até ao país africano, afirmou hoje o presidente executivo da companhia de bandeira angolana TAAG, Nelson Oliveira.
Mas, até essa altura, serão feitas apenas ligações domésticas interprovinciais no AIAAN, que começou a ser construído em 2013 e custou ao erário angolano quase 3 mil milhões de dólares.
Entre os passageiros, as expressões de agrado com a nova infraestrutura, ampla, limpa e luminosa, eram generalizadas, mas os viajantes não deixaram de apontar também os constrangimentos causados pela distância (mais de 40 quilómetros a norte de Luanda) , o preço elevados dos transportes públicos e a segurança.
Por exemplo, Verónica Alfredo, que habita nas proximidades da vila de Viana, preferiu vir de véspera e pernoitar numa cadeira do que enfrentar a insegurança de ter de sair de madrugada.
“Pela hora da viagem (08:0) não seria fácil chegar, peguei um táxi personalizado e paguei quase 20 mil kwanzas (20 euros) para chegar aqui. Dormi nessas cadeiras em péssimas condições”, disse, afirmando que os receios se devem aos raptos na zona onde mora.
“Sair às 04:00 seria um bocadinho arriscado e não me iria sentir segura, tive de passar a noite aqui, mas no final, estou feliz com o novo aeroporto”, declarou à Lusa.
Verónica Alfredo explicou que as dificuldades começaram quando a TAAG alterou o voo.
“Infelizmente o meu voo estava para as 11:00 e a TAAG teve de alterar para as 08:00”, salientou a passageira, elogiando a equipa da transportadora aérea que a ajudou a resolver os problemas que enfrentou e conseguiu a tempo “reparar o seu erro”, já que ficou separada da irmã com quem iria dividir a bagagem transportada.
“É um privilégio ser uma das primeiras passageiras a viajar neste lindo aeroporto que eu amei e endereço os meus parabéns a Angola por esta linda infraestrutura que temos já nesta nova província de Icolo e Bengo, disse a simpática Verónica, logo após despachar a bagagem e mais aliviada por não ter de pagar o excesso de peso.
Verónica pede, no entanto, mais atenção aos passageiros com baixos rendimentos, pedindo ao ministro dos Transportes que reforce os transportes públicos e promova custos mais acessíveis para facilitar o acesso, em segurança, dos passageiros ao AAIAN “porque é mesmo distante”.
Nelsa Venâncio, acompanhada de dois filhos pequenos e carregada de malas, elogia a experiência inaugural “que está a ser muito boa” e o atendimento, mas reconhece que foi “um pouquinho difícil lá chegar” atendendo à distancia que separa o AIAAN do Rocha Pinto, o bairro onde vive.
Devido às crianças, para poupar tempo e por ter essa alternativa chegou de carro ao aeroporto, num percurso que demorou duas horas, mas reconhece que tem todos têm essa alternativa, pelo que “não vê” grandes vantagens no aeroporto novo devido à distância.
Vicente da Graça Gomes, outro dos viajantes pioneiros do novo aeroporto salienta que está “bem organizado” e diz que é uma grande oportunidade.
“É uma alegria ter isso no nosso país, mostra que está indo em frente”, sublinhou, dizendo que teve de sair do Zango pelas 04:00.
Como “está no princípio e não há paragem dos táxis ainda direto”, Vicente negociou previamente um preço com um taxista particular.
“Custou-me, é caro sim”, afirmou, a propósito dos 8000 kwanzas (oito euros) que pagou.
Nelson Oliveira destaca, por seu lado, o dia “histórico para a TAAG” que, desta forma inicia a transferência do centro operacional do 4 de fevereiro para o novo AIAAN com quatro frequências diárias para Cabinda, o destino domestico que recebe mais voos.
“É o que mais pressiona pela positiva já que vai por todo o ecossistema a funcionar”, frisou o PCE da TAAG, acrescentando que as quatro frequências obrigam o aeroporto a estar em funcionamento das 04:00 às 23:00.
A TAAG está também a articular as acessibilidades com os Caminhos de Ferro de Luanda, o Transporte Coletivo Urbano de Luanda (TCUL), e outros transportes para que “se movimentem e enquadrem no programa e horários” da companhia aérea.
“Hoje ainda dizem que é distante, mas já não é tão distante assim”, realçou Nelson Oliveira garantindo que o novo aeroporto nada fica a dever aos seus congéneres e que os passageiros internacionais se vão sentir em casa.
O voo inaugural realizado num Boeing 737 700, com capacidade para 120 passageiros, acabou por partir com um atraso de cerca de meia hora.