Por LUSA
O gabinete de estudos económicos do Banco Fomento Angola (BFA) calcula que a inflação em Angola continue acima dos 20% e chegue aos 24% no final de 2024, não baixando para menos de dois dígitos até 2025.
“Para 2024 a nossa perspetiva é de que a inflação continue acima dos 20%, ainda acelerando durante parte do ano, antes de voltar a abrandar. Por um lado, esperamos que ainda possa haver algum movimento de depreciação no primeiro trimestre de 2024, fator que contribuirá para maior inflação; por outro lado, é possível que haja mais movimentos de remoção dos subsídios aos combustíveis e que os custos de energia aumentem”, escrevem os analistas.
Na mais recente nota informativa sobre a economia angolana, enviada aos clientes e a que a Lusa teve acesso, o BFA diz que o efeito destes fatores “deverá manter a inflação acima nos 20% durante grande parte do ano”, pelo que a sua estimativa “aponta para que a inflação termine 2024 perto dos 24%” e que não haja um alívio da política monetária nos próximos tempos, sendo possível novo agravamento das taxas de juro no primeiro semestre do próximo ano.
A luta contra a inflação “deve ainda perdurar por longo período e o objetivo de inflação de um dígito voltará a não ser atingida pelo menos nos próximos dois anos”, dizem os analistas.
As razões que apontam são “os preços do petróleo sem regresso a níveis acima dos 90 dólares, um crescimento da produção petrolífera limitado, mas sobretudo o Ministério das Finanças pressionado com amortizações em moeda externa elevadas nos curto e médio prazo”, que continuarão “a existir pressão no mercado cambial que se refletirá numa inflação igualmente pressionada também”.
Os preços em Luanda aumentaram 20,4% em outubro face ao mês homólogo de 2022, quase quatro pontos percentuais acima da média nacional, o que faz o BFA esperar que, nos próximos meses, a inflação nas províncias acelere para perto destes valores.
Para os economistas do BFA, também é de esperar um aumento das taxas de juro, não só as de referência, mas também as interbancárias, as do crédito a clientes e os juros da dívida pública.
“A decisão do Comité de Política Monetária na última reunião (aumentando a taxa diretora de 18 para 19%) é um prelúdio desse movimento”, aponta-se na nota informativa, que salienta que “as taxas de juros dos prazos mais longos no mercado interbancário já começaram a subir e inverteram a tendência perto de meados de outubro”.