Por LUSA
O Presidente Cyril Ramaphosa afirmou que a África do Sul quer reforçar as relações de cooperação com Angola e anunciou, nesse contexto, que a Comissão Binacional de Cooperação (BNC) realizará o próximo encontro em Luanda em 2025.
“A África do Sul e Angola desfrutam de relações fraternas antigas. Durante muitos anos Angola apoiou a nossa luta de libertação (do regime de ‘apartheid’) e o povo sul-africano ficou felicíssimo por ver os angolanos conquistarem a sua independência, há quase 50 anos”, declarou o chefe de Estado sul-africano no final de conversações, em Pretória, no âmbito da visita de Estado do seu homólogo angolano.
Ramaphosa salientou que esta “história partilhada” pelos dois países serviu de base à cooperação através da comissão binacional, criada em 2000 entre os governos do Congresso Nacional Africano (ANC), no poder desde 1994, e do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que governa Angola desde 1975.
A Comissão Binacional de Cooperação (BNC) realizará o próximo encontro em Luanda no próximo ano, anunciou Cyril Ramaphosa.
O líder sul-africano sublinhou que “Angola e a África do Sul são duas das maiores economias da região Austral do continente”, e que Pretória e Luanda acordaram na “necessidade de reforçar as relações a nível comercial e em várias outras áreas também”, sem avançar detalhes.
O Presidente da África do Sul referiu-se ainda ao projeto do corredor do Lobito, dizendo que este tem sido liderado por João Lourenço, que “a articulação da sua visão de uma zona de desenvolvimento económico” e o projeto são recebidos positivamente por Pretoria que “apoia totalmente o estabelecimento desse corredor e oportunidades para uma colaboração mais aprofundada entre os nossos dois países”.
De acordo com Ramaphosa, cerca de 20 empresas sul-africanas operam em Angola, e o investimento estrangeiro sul-africano abrange vários setores da economia angolana, incluindo serviços financeiros, tecnologia da informação, manufaturação, hotelaria, turismo e outros.
A Corporação de Desenvolvimento Industrial da África do Sul (IDC) tem também projetos de investimento em Angola, nomeadamente na refinaria de petróleo de Cabinda e no projeto de fosfato de Cabinda.
No âmbito do reforço das relações de cooperação, o chefe de Estado sul-africano afirmou também que os dois países acordaram “auditar” cerca de 44 acordos de cooperação atualmente em diferentes fases de implementação.
Na ótica de Ramaphosa, a África do Sul “espera estreitar os seus laços com Angola na causa do crescimento benéfico mútuo, da integração económica continental e do desenvolvimento sustentável”.
O Presidente sul-africano agraciou o seu homólogo João Lourenço com a Ordem da África do Sul, numa cerimónia na capital sul-africana, e agradeceu-lhe “ao assinalar (o país) 30 anos de democracia, em nome do povo sul-africano, a solidariedade e amizade de Angola”.
A Ordem da África do Sul, em ouro, é atribuída a chefes de Estado estrangeiros, tendo sido atribuída pela primeira vez a Xi Jinping, em 2023.
Em Pretória, os governos dos dois países assinaram um acordo na área do ensino superior e formação académica, assim como um memorando de cooperação na área do legado histórico da Luta de Libertação empreendida pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e o seu antigo aliado, o Congresso Nacional Africano (ANC).