Por LUSA
O Governo sul-africano anunciou o encerramento da principal fronteira com Moçambique apelando aos empresários que suspendam temporariamente o transporte de mercadorias pelo posto fronteiriço de Lebombo.
“Este é realmente um apelo que gostaria de fazer àqueles que estão envolvidos na mineração”, adiantou a ministra dos Transportes da África do Sul Barbara Creecy.
“Por favor, atrasem os camiões nas vossas minas”, adiantou a governante sul-africana, acrescentando, em conferência de imprensa, que as filas de camiões no lado sul-africano da fronteira com Moçambique prolongam-se já por 20 quilómetros.
“A situação dos motoristas (de veículos pesados) é desumana. Não existem instalações sanitárias ao longo da estrada. Não há água e não há comida”, frisou.
“As autoridades moçambicanas abriram esta manhã o posto fronteiriço para permitir que camiões vazios e também veículos de passageiros atravessassem para a África do Sul, mas não houve passagem de veículos de carga do lado sul-africano desde a manhã de ontem”, sublinhou.
O Departamento de Transportes, em articulação com a Agência de Transportes Rodoviários Transfronteiriços (C-BRTA, na sigla em inglês) e as forças policiais “estão a articular esforços” para gerir a “situação terrível”, afirmou Creecy à imprensa.
A principal fronteira entre a África do Sul e Moçambique, situada em Komatipoort, província de Mpumalanga, tem enfrentado várias interrupções nos últimos dois meses devido aos protestos pós-eleitorais em Moçambique.
A Associação de Transportes Rodoviários (RFA, na sigla em inglês) da África do Sul estimou em cerca de 5 mil milhões de rands (266,2 milhões de euros) o prejuízo dos operadores sul-africanos com os atrasos registados no movimento de carga de operadores sul-africanos através do porto de Maputo em resultado das primeiras manifestações pós-eleitorais no mês passado.
Moçambique enfrenta vários protestos populares após a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder desde 1975, ter obtido a vitória nas eleições gerais de 9 de outubro, segundo a Comissão Nacional de Eleições (CNE).