Por LUSA
A cientista de computação portuguesa Manuela Veloso e o antigo Presidente de Cabo Verde Pedro Pires vão receber sexta-feira doutoramentos “honoris causa” do Iscte, em Lisboa, por representarem realidades criadas pelo 25 de Abril.
Os títulos de doutoramento “honoris causa” do Iscte — Instituto Universitário de Lisboa vão ser atribuídos numa cerimónia que contará com a presença do chefe de Estado cabo-verdiano.
O instituto comemora 51 anos e vai assinalar a efeméride focado nos 50 anos do 25 Abril e a importância da instauração do regime democrático para a ciência em Portugal, assim como para os processos de desenvolvimento dos países africanos lusófonos.
“É o regime democrático que permite o desenvolvimento da ciência em Portugal e a criação de uma comunidade científica no nosso país. É também o 25 de Abril que permite a descolonização e, com isso, o desenvolvimento do ensino superior nos países africanos de língua portuguesa”, afirma a reitora da universidade, Maria de Lurdes Rodrigues.
Manuela Veloso, nascida em Lisboa e professora catedrática na Carnegie Mellon University, nos Estados Unidos, onde obteve o doutoramento em 1992, dirige a unidade de investigação de inteligência artificial do banco norte-americano JP Morgan.
“Em 2019 inspirou o Iscte na criação da licenciatura em Ciência de Dados, na altura uma formação pioneira em Portugal, e no lançamento da Escola Iscte-Sintra”, indica a nota do instituto.
A apresentação na cerimónia de atribuição do título, sexta-feira, será feita por Jorge Costa, professor catedrático de engenharia e vice-reitor do Iscte para a investigação e modernização tecnológica.
A apresentação de Pedro Pires, antigo primeiro-ministro e Presidente da República de Cabo Verde, será feita por Rui Pena Pires, professor catedrático de sociologia e investigador na área das migrações.
Pedro Pires nasceu em 1934 na ilha do Fogo, em Cabo Verde, e estudou na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Ainda jovem juntou-se aos movimentos de libertação das então províncias ultramarinas portuguesas e foi dirigente do PAIGC.
Primeiro-ministro de Cabo Verde de 1975 a 1991, teve um papel importante na transição para o multipartidarismo e para a afirmação da democracia em Cabo Verde. Tendo o seu partido perdido as eleições em 1991, garantiu a primeira transição pacífica de poder no seu país, respeitando os resultados eleitorais. Foi depois Presidente da República de Cabo Verde, cargo para o qual foi eleito em 2001 e reeleito em 2006, salienta a nota.
Dirige o Instituto Pedro Pires para a Liderança, na cidade da Praia, cuja missão é promover a boa governação, a consciência política e a democracia em Cabo Verde e em África.