Por LUSA
A ministra da Saúde de Cabo Verde apelou à “solidariedade” internacional para o país enfrentar o risco de ressurgimento de doenças, dois dias depois de os cientistas anunciarem que 2023 foi o ano mais quente desde que há registos.
“Cabo verde é um dos pequenos estados insulares mais fustigados pelas alterações climáticas”, referiu Filomena Gonçalves, em entrevista à Lusa.
“Já temos sinais, como é o caso da dengue. Há uma disseminação maior e uma das causas de aparecimento, com tanta força, tem a ver com o facto de haver um aumento da temperatura causado pelas alterações climáticas”, acrescentou.
A doença ressurgiu no país no início de novembro e a situação “está controlada”, disse, referindo que se encontra confinada a “um ou dois casos diários” na ilha do Fogo, sul do arquipélago, referiu.
A vigilância e ação das autoridades sanitárias deverão erradicar o surto em breve, estimou a governante, ressalvando que será necessária solidariedade para desafios futuros.
“O importante é que nos continuemos a bater para que haja sensibilização para a proteção do ambiente e, na arena internacional, para que haja consciencialização dos maiores poluidores, sobretudo no sentido da solidariedade”, apontou a ministra da Saúde.
Filomena Gonçalves disse acreditar que “as questões climáticas e os desafios sanitários têm que ver com o princípio da solidariedade a nível mundial. A covid é a prova acabada disso”.
“O mundo só estará a contribuir para que tenhamos cada vez menos efeitos das alterações climáticas agindo em conjunto”, concluiu.
O ano 2023 foi o mais quente desde que há registos, com a temperatura no mundo a aproximar-se do limite do aquecimento de 1,5ºC face à era pré-industrial, divulgou na terça-feira o programa europeu Copernicus.
Segundo os dados, 2023 teve uma temperatura média global de 14,98ºC, mais 0,17ºC do que em 2016, que detinha o título de ano mais quente desde que há registos, que remontam a 1850.
Filomena Martins Pereira, vice-diretora do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) de Lisboa, especialista em doenças tropicais, afirmou em dezembro, à Lusa, que as infeções como a malária, o zika, dengue e chikungunya vão aumentar e espalhar-se pelo mundo à medida que as temperaturas aumentam devido às alterações climáticas.