Por LUSA
O volume das reservas bancárias moçambicanas bateu em novembro um novo recorde, atingindo os 245.527 milhões de meticais (3.513 milhões de euros), consequência da intervenção do Banco de Moçambique para “absorver” o excesso de liquidez.
De acordo com um relatório estatístico do banco central, a que a Lusa teve hoje acesso, o volume destas reservas compara com os 241.978 milhões de meticais (3.462 milhões de euros) em outubro passado ou os 66.144 milhões de meticais (946 milhões de euros) em dezembro de 2022.
Desde o abril de 2023 que este volume de reservas tem crescido praticamente todos os meses, segundo o histórico disponibilizado no relatório.
As reservas obrigatórias dos bancos comerciais no banco central estavam fixadas pelo Banco de Moçambique no coeficiente de 10,5% em moeda nacional e 11% em moeda estrangeiro no início de janeiro de 2023.
Entretanto, nos primeiros seis meses do ano, o Banco de Moçambique aumentou por duas vezes esse coeficiente, com o argumento de ser necessário para “absorver a liquidez excessiva no sistema bancário, com potencial de gerar uma pressão inflacionária”.
O último desses aumentos aconteceu em junho, chegando então a 39% dos depósitos em moeda nacional e 39,5% no caso de moeda estrangeira a ficarem em reserva bancária.
Após o segundo aumento destes coeficientes, a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) considerou, em junho, que a decisão torna ainda mais caro contrair financiamento bancário, essencial numa economia de pequenas e médias empresas, que vão ter mais dificuldades.
Também economistas moçambicanos ouvidos na altura pela Lusa consideraram “nociva” para as empresas a decisão do banco central de aumentar os coeficientes de reservas obrigatórias, assinalando que a medida “não vai resolver” a espiral de inflação, porque esta “variável” é condicionada por “problemas estruturais”.
“Significa que (as empresas) vão pagar as suas dívidas com um custo muito maior” e esta medida “pode pôr em causa a rentabilidade e a continuidade das operações de muitas empresas, é a parte nociva que acompanha estas medidas de caráter restritivo”, disse em junho passado Egas Daniel, economista e coordenador do programa em Moçambique do International Growth Center (IGC) da London School of Economics.
Já o economista Elcídio Bachita considerou arriscada a decisão de subir os coeficientes de reservas obrigatórias impostas aos bancos comerciais: “Eu diria que não é exatamente uma medida prudente”.
“Naturalmente que isto vai ter as suas repercussões”, acrescentou, alegando que “os bancos comerciais vão ficar com menos recursos financeiros para financiar a economia”.