Por LUSA
O primeiro-ministro são-tomense está na Guiné Equatorial para participar numa cimeira da Comunidade Económica da África Central (CEEAC) sobre o futuro do Gabão que está suspenso da organização desde o golpe de Estado de agosto.
Patrice Trovoada disse que a cimeira dos chefes de Estado e Governos da CEEAC, tem como “ponto principal da agenda” a audição ao Presidente da República Centro Africana, Faustin-Archange Touadéra, que vai apresentar o relatório sobre a situação no Gabão, enquanto facilitador nomeado pela CEEAC para acompanhar as autoridades daquele país.
“Ele fez o seu trabalho e vai agora apresentar o relatório e vamos apreciar esse relatório para ver qual é a posição que tomamos em relação a República gabonesa, se a suspensão se mantém, se ela é levantada ou se nós tomamos outras medidas”, disse Patrice Trovoada, em declarações aos jornalistas no aeroporto de São Tomé, antes de viajar para Guiné Equatorial.
O primeiro-ministro são-tomense referiu que as medidas a serem tomadas não afetarão as relações entre São Tomé e Príncipe e o Gabão.
Patrice Trovoada sublinhou que a suspensão do Gabão na CEEAC foi uma decisão tomada logo depois do Golpe de Estado, mas em seguida o Presidente de transição visitou todos os países da CEEAC, exceto Angola, e “explicou a situação” e ainda os gaboneses apresentaram um calendário de transição “adotado de uma maneira consensual pelas forças políticas gabonesas”.
“Vamos agora todos em conjunto analisar a situação, avaliar a situação e ver qual é o próximo passo que temos que dar porque a suspensão acarreta com uma série de dificuldades também para o próprio Gabão”, disse o chefe do Governo são-tomense.
Patrice Trovoada que esteve no mês passado no Gabão e encontrou-se com o Presidente de transição e visitou o Presidente deposto, Ali Bongo, sublinhou que as novas autoridades gabonesas têm feito advocacia junto de outras instâncias internacionais sobre a situação no país, por isso a decisão da CEEAC será sempre na base de “servir melhor o povo gabonês e também o Estado de Direito Democrático”.
“Houve um acontecimento, é um facto consumado temos que agora sair dessa situação para o bem dos gaboneses”, defendeu Patrice Trovoada.
Em outubro, o Presidente de transição do Gabão, General Brice Oligui Nguema visitou São Tomé e Príncipe e reuniu-se com o Presidente são-tomense, Carlos Vila Nova e o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, tendo afirmado que o país vive uma nova era após o “golpe de liberdade” que depôs o antigo presidente.
“O que alguns chamam de golpe de Estado, chamamos-lhe nós, no Gabão, golpe de liberdade. Foi a vontade do povo que se expressou, após eleições não democráticas, e o exército fez a escolha de seguir o seu povo”, disse o General Brice Oligui Nguema.
O presidente de transição do Gabão apelou ao apoio das autoridades são-tomenses junto aos Estados africanos “para apaziguar as sanções”.
“Contamos com o Presidente de São Tomé e Príncipe, com a sua sabedoria para discutir com os nossos homólogos africanos para, juntos, podermos encontrar soluções para o caso do Gabão”, disse, o General Brice Oligui Nguema.
Horas depois, o Presidente são-tomense disse que o país continua a condenar a tomada do poder pela força no Gabão, mas vai avaliar o pedido de apoio do Presidente de transição daquele país.
Questionado sobre se São Tomé e Príncipe vai apoiar a reintegração do Gabão na CEEAC, o chefe de Estado são-tomense disse que não sabe, mas analisaria o pedido ao nível do Estado.
“Nós veremos internamento primeiro ao nível do Estado são-tomense, que tem a sua estrutura, e tomaremos a nossa decisão (…) não nos interessa ver um membro de fora. Só que essa reintegração tem que obedecer as regras próprias em democracia”, disse Carlos Vila Nova.
Os militares tomaram o poder no Gabão em 30 de agosto, minutos depois de as autoridades eleitorais terem anunciado a vitória do Presidente Ali Bongo nas disputadas eleições de 26 de agosto.
Angola, Burundi, Camarões, República Centro-Africana, Tchad, Congo, Guiné Equatorial, Gabão (membro suspenso), Ruanda, São Tomé e Príncipe e República Democrática do Congo integram a Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC).