Por LUSA/RTP
O político Venâncio Mondlane confirmou hoje a aprovação do seu partido, Anamola, pelo Governo moçambicano e marcou a festa de celebração para segunda-feira, à sua chegada no Aeroporto Internacional de Maputo, capital de Moçambique.
“Caros amigos, até segunda-feira, se não for antes, até segunda-feira as 15:00 (14:00 em Lisboa) estarei no Aeroporto de Mavalane para a gente festejar todos juntos a aprovação do nosso partido Anamola”, disse Venâncio Mondlane, durante uma transmissão em direto na sua página do Facebook.
Para o ex-candidato presidencial, que afirma ter recebido “repentinamente” o despacho de aprovação do partido, na quinta-feira, a criação do Anamola, antes designado Anamalala, marca uma “nova era” na política moçambicana.
“Estamos todos nós de parabéns, está de parabéns o povo moçambicano, já temos um instrumento para continuarmos a lutar pelo nosso povo, para continuarmos a lutar até à libertação do nosso povo”, afirmou Mondlane, convidado os simpatizantes do Anamola a “abrir o champanhe agora”, mas a seguir, na segunda-feira, para “fazer a festa” à sua chegada no aeroporto.
“É Anamola, mas continua a ser Anamalala o nosso ‘slogan’”, acrescentou ainda o político moçambicano.
O Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos de Moçambique aceitou hoje o registo do partido Anamola, de Venâncio Mondlane, disse à Lusa o seu mandatário judicial, Mutola Escova.
“Recebemos a comunicação hoje, em que o ministério da Justiça autoriza o pedido para o registo do partido, que tínhamos apresentado”, disse o advogado, acrescentando que com esta autorização já é possível proceder ao registo de Anamola na conservatória.
Moçambique viveu desde as eleições gerais de 09 de outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas por Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais que deram vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, partido no poder.
Segundo organizações não-governamentais que acompanham o processo eleitoral, morreram cerca de 400 pessoas em confrontos com a polícia, conflitos que cessaram após dois encontros entre Mondlane e Chapo, com vista à pacificação do país.
O ex-candidato presidencial anunciou em 07 de agosto que alterou a designação do seu partido, passando de Anamalala para Anamola, após pedido do Governo moçambicano, que considerou que a anterior sigla carregava “um significado linguístico”.
Anamalala significa “vai acabar” ou “acabou”, expressão usada por Venâncio Mondlane durante a campanha para as eleições gerais de 09 de outubro de 2024 – cujos resultados não reconhece – e que se popularizou durante os protestos por si convocados nos meses seguintes.
A informação da alteração da proposta do acrónimo Anamalala para Anamola, significando igualmente Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo, consta do recurso que o antigo candidato presidencial submeteu no mesmo dia ao Conselho Constitucional (CC), por considerar então que o Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religioso não respondeu no prazo legal ao pedido para a constituição da formação partidária.
Num ofício do ministério, assinado pelo ministro Mateus Saíze, com data de 28 de maio e que a Lusa noticiou nessa altura, era referido que o termo “Anamalala”, proposta de acrónimo de Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo, é proveniente da língua macua, falada em Nampula, norte do país, “e por isso já carrega um significado linguístico para a comunicação dos que nela se expressam”.
O ministério deu um prazo de 30 dias para a alteração da sigla, contando desde a divulgação daquele documento pela instituição da justiça moçambicana.