Por LUSA/RTP
Moçambique inaugurou hoje o primeiro laboratório de análise de material genético (ADN) para efeitos de prova forense, com capacidade de 200 amostras diárias, e que visa contribuir para esclarecer diversos crimes, entre os quais raptos.
“Este vai ser um laboratório que permitirá esclarecer muitos dos casos que até então a Justiça tinha dificuldade ou tinha limitações em resolver, mas também vai resolver outros tipos legais de interesse penal”, disse o diretor-geral do Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic), Nelson Rego, na cerimónia de inauguração do laboratório, em Maputo.
Segundo o responsável, o Laboratório de ADN Forense vai permitir o esclarecimento, entre outros, de crimes de abuso sexual, violações, homicídios e raptos, num processo em que poderão ser identificados os suspeitos e as vítimas, casos em que Moçambique recorria à África do Sul, país vizinho, para resolver.
“Este laboratório será muito importante para esclarecermos todos os casos que até então não conseguíamos esclarecer, que tínhamos que recorrer a outros países, a África do Sul, particularmente”, frisou o diretor-geral do serviço de investigação moçambicano, referindo que o laboratório tem capacidade de análise de 200 amostras por dia e que a sua construção custou cerca de 150 milhões de meticais (dois milhões de euros).
Sem mencionar o número, Nelson Rego avançou que foram formados técnicos para processar as amostras, com resultados em menos de uma semana, num laboratório que considera ser uma “mais-valia” para Moçambique, colocando o país como uma das nações com capacidade para esclarecer crimes a nível regional.
Desde 2011, uma onda de raptos afeta Moçambique e as vítimas são, sobretudo, empresários e seus familiares, principalmente pessoas de ascendência asiática, um grupo que domina o comércio nos centros urbanos das capitais provinciais no país.
O procurador-geral da República de Moçambique, Américo Letela, admitiu, em 29 de abril, dificuldades para identificar e neutralizar os mandantes dos crimes de raptos, denunciando o envolvimento de membros da polícia e de magistrados no crime.