Por LUSA
Os guineenses que combateram por Portugal na Guiné-Bissau dizem-se ignorados pela antiga potência colonial e querem que o Presidente português os oiça na quinta-feira, segundo a associação que os representa no país africano.
Alguns guineenses lutaram ao lado de Portugal na guerra colonial que levou à declaração unilateral da independência da Guiné-Bissau a 24 de setembro de 1973, data sobre a qual passam 50 anos.
Os festejos oficiais estão marcados para quinta-feira, na capital guineense, com a anunciada presença do Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa.
O presidente da Associação de Descendentes e Viúvas dos Ex-Combatentes Portugueses na Guiné-Bissau, Amadu Djau, disse à Lusa que a organização está a aguardar pela visita de Marcelo para pedir a marcação de uma audiência com ele e transmitir a sua preocupação.
“A bandeira de Portugal custou sangue e suor dos nossos pais. Temos os mesmos direitos como qualquer cidadão português, mas os nossos direitos estão a ser ignorados”, afirmou.
O dirigente enfatizou que “aqueles que nunca serviram Portugal são os que recebem vistos de entrada” no país e os ex-combatentes não têm direito aos mesmos.
Amadu Djau recordou que, recentemente, a associação foi recebida pelo Presidente da República da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, a quem colocou a questão “do abandono dos antigos combatentes portugueses na Guiné-Bissau”.
O chefe de Estado guineense, continuou, deu garantias de que, na visita que fez a Portugal, em outubro, a questão mereceria “a atenção”.
“Recentemente ouvimos uma entrevista do Presidente da República onde diz que vai pedir às autoridades portuguesas para que façam tudo no sentido de pagar aos antigos combatentes portuguesas na sua embaixada em Bissau”, referiu.
O dirigente salientou que “é a primeira vez que um chefe de Estado guineense trata desse assunto com as autoridades portuguesas” e concretizou que estão em causa benefícios como a pensão de sangue, a reforma e a pensão de invalidez para todos os cidadãos guineenses que prestaram serviço militar nas Forças Armadas portuguesas.
“Há 50 anos que a nossa situação se encontra parada”, vincou, acrescentando que “da parte das autoridades da Guiné-Bissau, ninguém quis tratar desse assunto”.
Os ex-combatentes reclamam também que Portugal facilite a concessão de vistos para os antigos combatentes guineenses que se querem ir tratar.
Querem ainda “facilidades no atendimento no consulado português em Bissau”.
“Há um ‘guichet’ aberto no consulado para atender aqueles que querem ir para Portugal se tratar, mas ainda não está a funcionar porque ainda ninguém foi lá atendido. É tudo engano”, declarou.
A associação reivindica o retorno da nacionalidade portuguesa aos ex-combatentes que serviram nas Forças Armadas portuguesas e aos seus filhos.
A Guiné-Bissau autoproclamou a sua independência de Portugal em 24 de setembro de 1973, mas as comemorações oficiais estão marcadas para 16 de novembro, dia das Forças Armadas.
Entre os líderes convidados para as cerimónias oficiais estão o Presidente e primeiro-ministro portugueses, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, mas o programa oficial ainda não foi divulgado.