Por LUSA/RTP
A Unicef alerta que 77% das crianças moçambicanas vive em situação de pobreza e uma em cada quatro meninas sofre violência física antes dos 18 anos, pedindo “urgência” na proteção infantil no país.
“Em Moçambique, 77 % das crianças vive em situação de pobreza e uma em cada quatro meninas sofre violência física antes dos 18 anos”, lê-se numa nota do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef).
Para a agência da ONU, os dados revelam “urgência” na profissionalização e ampliação da força de trabalho social “para garantir a proteção e o bem-estar infantil” no país.
“Com apoio da Unicef, a Associação de Assistentes Sociais de Moçambique trabalha para defender os direitos, interesses e o desenvolvimento profissional dos assistentes sociais no país, incluindo a prestação de serviços de qualidade por profissionais qualificados e bem treinados”, acrescenta.
Em 24 de junho, a Human Rights Watch (HRW), organização não-governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos, exigiu ações do Governo moçambicano para travar o aumento do número de crianças raptadas pelos grupos terroristas que operam desde 2017 na província de Cabo Delgado, norte, e depois são usadas em trabalhos forçados.
“O aumento dos sequestros de crianças em Cabo Delgado agrava os horrores do conflito em Moçambique (…). A Al-Shebab tem que poupar as crianças do conflito e libertar imediatamente as que foram sequestradas”, declarou a diretora-adjunta para a África da HRW, Ashwanee Budoo-Scholtz, citada num comunicado da ONG.
A Lusa noticiou em 20 de junho que Moçambique foi o segundo país com o maior aumento percentual (525%) de violações graves contra crianças em conflitos armados em 2024, apenas atrás do Líbano, segundo o relatório do secretário-geral da ONU sobre crianças e conflitos armados relativo a 2024.
O estudo indica que os maiores aumentos percentuais daquelas violações ocorrem no Líbano (545%), Moçambique (525%), Haiti (490%), Etiópia (235%) e Ucrânia (105%).
Num capítulo dedicado ao conflito na província moçambicana de Cabo Delgado, o relatório dá conta que a ONU registou 954 violações graves contra 507 crianças (402 meninos, 105 meninas), além de uma violação grave ocorrida em 2023, mas só passível de verificação no ano passado.
Foi verificado o recrutamento e o uso de 403 crianças por grupos armados e a detenção de 51 crianças pela Polícia da República de Moçambique (49) e pelas Forças de Defesa do Ruanda (2) por alegada associação a grupos armados.
A ONU conseguiu verificar o assassínio (32) e a mutilação (12) de 44 crianças por perpetradores não identificados (22), grupos armados (15) e pelas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (7), incluindo baixas causadas por engenhos explosivos (17).