Por LUSA
O Governo do Japão disponibilizou 3.725 milhões de dólares (3,2 milhões de euros) para reforçar a assistência humanitária na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, afetada por ataques armados desde outubro de 2017.
“O Japão sente-se honrado em continuar a apoiar o povo de Moçambique. Esta contribuição reflete o nosso compromisso com a assistência prática e centrada nas pessoas e com o trabalho com parceiros nacionais para promover a estabilidade e a resiliência nas comunidades afetadas pelo conflito”, disse Keiji Hamada, embaixador do Japão em Moçambique, citado num comunicado enviado à comunicação social.
O montante deverá reforçar a assistência vital em áreas afetadas pela violência armada no norte de Moçambique durante os próximos 12 meses, devendo também servir para apoiar os esforços de Moçambique rumo ao desenvolvimento sustentável, refere-se no comunicado conjunto entre o Japão, a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Governo de Moçambique.
O montante será disponibilizado através de quatro entidades das Nações Unidas, sob a liderança do Governo de Moçambique e em coordenação com as contrapartes moçambicanas.
“Este apoio renovado do Japão chega num momento crucial. As necessidades humanitárias no norte de Moçambique continuam agudas, mas também a oportunidade de investir na recuperação e em soluções inclusivas”, disse Catherine Sozi, coordenadora residente das Nações Unidas e coordenadora humanitária para Moçambique, também citada no documento.
O apoio nipónico deverá ser aplicado nos setores da segurança alimentar, proteção da criança, abrigo e artigos domésticos essenciais, saúde e fornecimento de água potável, além de fortalecer também iniciativas de recuperação e coesão social em colaboração com as autoridades locais e as comunidades afetadas.
“O Governo de Moçambique está comprometido em fortalecer a sua parceria com o Governo do Japão e as agências da ONU para ajudar a mitigar o sofrimento das comunidades afetadas”, disse Gabriel Monteiro, vice-presidente do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) de Moçambique.
A província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta desde 2017 uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos na província, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África, uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano que analisa conflitos em África.