Por LUSA
Moçambique prevê produzir 160.000 toneladas de castanha de caju em 2024, um aumento superior a 1,5% face à estimativa deste ano, apesar dos efeitos climáticos, segundo informação governamental a que a Lusa teve acesso.
De acordo com documentos de suporte ao Plano Económico e Social do Orçamento do Estado para o próximo ano, em discussão na Assembleia Nacional, esta produção deriva de 9.734.000 cajueiros, de 188.983 produtores, em todo o país.
No documento prevê-se “que o incremento do volume de produção da castanha de caju passe de cerca de 157.496 toneladas para cerca de 160.000 toneladas em 2024”.
Em 2020, a produção moçambicana de castanha de caju foi 139.945 toneladas e no ano seguinte de 144.823 toneladas.
“As previsões indicam que o ano de 2024 será marcado pela ocorrência do fenómeno ‘El Niño’, que influencia o clima em Moçambique provocando fenómenos climatéricos adversos, podendo causar escassez de precipitação nas zonas sul e centro, e cheias na zona norte do país, com impactos significativos no setor agrário”, alerta-se ainda no documento do Governo.
Durante grande parte do século passado, Moçambique foi o maior produtor mundial de castanha de caju e recebeu em 1960 a primeira fábrica de processamento do continente, atividade que entrou em declínio após a independência, em 1975.
Atualmente, estima-se que mais de um milhão de famílias moçambicanas cultivam e vendem caju e o setor de processamento emprega mais de 8.000 pessoas no país.
Já nos primeiros seis meses, a exportação de castanha de caju por Moçambique rendeu 53 milhões de dólares, mais do que todo o ano passado, sendo o principal produto agrícola vendido pelo país ao exterior.
De um acordo com um relatório anterior do Banco de Moçambique, o país exportou em todo o ano de 2022 produtos agrícolas no valor de 562,3 milhões de dólares (531 milhões de euros), entre os quais 51,7 milhões de dólares (48,7 milhões de euros) em Castanha de Caju.
Já no primeiro trimestre de 2023 essa exportação ascendeu a 50,8 milhões de dólares (47,9 milhões de euros) e mais 2,2 milhões de dólares (dois milhões de euros) no segundo trimestre.
Este desempenho já se traduz no melhor ano de vendas de castanha de caju por Moçambique, que desde 2016 oscilou entre 14,8 milhões de dólares (14 milhões de euros), em 2018, e os 51,7 milhões de dólares (48,7 milhões de euros), no ano passado.
Moçambique exportou 181,8 milhões de dólares (171,4 milhões de euros) em produtos agrícolas nos seis meses já contabilizados este ano, menos de 5% dos quase 3.715 milhões de dólares (3.502 milhões de euros) do total de vendas ao exterior neste período.