Por LUSA
Mais de 60 fiscais florestais do Parque Nacional de Limpopo, na província de Gaza, sul de Moçambique, paralisaram as atividades em reivindicação do pagamento de subsídios de risco e reajuste salarial, disse hoje fonte da classe.
Em declarações à Lusa, Henriques Chicanda, fiscal no parque, explicou que a manifestação pacífica iniciada na segunda-feira visa a reivindicação do pagamento de subsídios de risco e o reajuste salarial, de acordo com a tabela salarial única (TSU), aprovada no país em 2022.
“Houve mau reajuste salarial após a aprovação da nova tabela. Estamos a falar, por exemplo, que alguém com formação técnica média é enquadrado como elementar e o próprio elementar como um guarda”, explicou.
Contactado pela Lusa, o administrador do parque, Francisco Pariela, disse desconhecer os pontos de reivindicação dos fiscais.
“Temos pedido há dias que sejam entregues os pontos de reivindicação mas até aqui sem sucesso”, disse.
Segundo Francisco Pariela, os fiscais em paralisação têm impedido que outros trabalhem no parque, “talvez como forma de aumentar o número” dos que se encontram em protesto.
Henriques Chicanda salientou que aqueles profissionais exigem ainda o pagamento do subsídio de risco e melhoria no subsídio de localização.
“Nós, como fiscais do parque, temos feito as nossas atividades em áreas do parque muito distantes da nossa sede e em zonas sem cobertura de rede, durante longos períodos de tempo, mas gozamos apenas de 5% de subsídio de localização”, disse.
Consta ainda do caderno reivindicativos dos fiscais, o pagamento de subsídios fúnebres, a assinatura de contratos de trabalho, bem como enquadramentos e nomeações definitivas, com base nos anos de serviço.
“Temos colegas que estão há sete anos sem contratos”, afirmou Henriques Chicanda.
Segundo a fonte, os fiscais reclamam igualmente da falta de intervenção e descontos em casos de acidentes de trabalho.
“Tivemos um caso em 2023 em que um dos colegas, durante um trabalho, teve uma fratura no braço e foi obrigado a continuar a trabalhar mesmo com o gesso. Quando ele foi atrás de tratamento médico, foi-lhe cortado o salário, ficando assim três meses sem receber”, explicou.
Chicanda avançou ainda que, apesar da paralisação, o parque continua a receber turistas, mas que, a partir de quarta-feira, dia 15, vai “apertar-se um pouco o cerco”.
Se a administração não se pronunciar sobre as reivindicações nos próximos dias, a situação poderá agravar-se, advertiu, assegurando que, se não houver sinais de preocupação pela situação dos guardas, “amanhã (quarta-feira) nenhum turista vai passar, nem vindo da parte sul-africana, nem vindo das outras províncias”.
“Até então, só vamos liberar a comunidade que está no interior do parque e os doentes”, concluiu.