Por LUSA/RTP
Um tribunal da Guiné-Bissau ordenou hoje a libertação de 13 dos cerca de 50 detidos, entre militares e civis, acusados de tentativa de golpe de Estado em fevereiro de 2022, disseram à Lusa fontes judiciais.
De acordo com um advogado da equipa de defesa dos detidos, as pessoas libertadas são aquelas que o Tribunal Superior Militar ordenou a sua libertação em julho passado por não existir contra si qualquer acusação deduzida pelo Ministério Público.
A lista incluía 17 dos 50 detidos no chamado caso 01 de fevereiro, dos quais um faleceu, entretanto. Trata-se do capitão-de-fragata Papa Fanhé, que morreu, no Hospital Militar de Bissau, aos 37 anos, no passado mês de junho.
Entre os agora libertados encontram-se o general Sanca Bukuké e o coronel António Sofia da Costa, sendo os restantes 11 soldados.
A mesma fonte notou que, do grupo “de detidos, mas sem qualquer acusação”, não foram libertados o general Júlio Nhaté Nsulte e o tenente-coronel Júlio Mambali.
No passado mês de outubro, o mesmo tribunal que hoje libertou as 13 pessoas colocou em liberdade Pedro Badji, militar afeto à Marinha de Guerra guineense, Pedro Gomes, da Fiscap (entidade estatal de fiscalização das atividades de Pesca), Dok Ndafa, Geraldo Paulo Nhasse e Marciano Felix, todos das chamadas Unidades Combativas do interior da Guiné-Bissau,
Em julho passado, o Tribunal Superior Militar guineense ordenou a “libertação imediata” de todos os detidos por alegado envolvimento no ‘caso 01 de fevereiro’ por considerar que os prazos de detenção “foram largamente ultrapassados” e ainda porque alguns dos detidos não tinham sido acusados de nada.
A ordem não tinha sido cumprida pelo tribunal ‘ad-hoc’ que tem estado a julgar alguns dos detidos já há vários meses, mas com várias polémicas pelo meio, levantadas pelos advogados de defesa que acusam o órgão de falta de lisura no processo.
Entre os detidos que ainda aguardam por julgamento figura o ex-chefe da Armada guineense, o vice-almirante José Américo Bubo Na Tchuto, acusado pelas autoridades civis e militares do país de ser o “líder da tentativa de golpe”.
As mesmas autoridades anunciaram que no dia 01 de fevereiro de 2022, um grupo de pessoas, militares e civis, atacaram com armas do exército guineense o palácio do Governo onde decorria um Conselho de Ministros, presidido pelo chefe do Estado, Umaro Sissoco Embaló.
Nessa ação morreram 12 pessoas, na sua maioria elementos do corpo de segurança presidencial.