Por LUSA
A economia moçambicana cresceu 3,68% no terceiro trimestre de 2024, impulsionada pela indústria de extração mineira, segundo o relatório do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre as contas nacionais, consultado hoje pela Lusa.
De acordo com o documento, o Produto Interno Bruto a preços de mercado (PIBpm) apresentou uma “variação positiva de 3,68%” no terceiro trimestre, quando comparado ao mesmo período do ano 2023, “perfazendo um acumulado de 3,80%” até final de setembro.
“O desempenho da atividade económica no terceiro trimestre de 2024 é atribuído, em primeiro lugar, ao setor primário, que cresceu em 6,4%, com maior destaque para o ramo da indústria de extração mineira com variação de 13,62%, seguido pelo ramo da agricultura, pecuária, caça, silvicultura, exploração florestal, com uma variação de 2.23%”, lê-se no documento.
Por último, detalha ainda, o ramo da pesca teve um crescimento de 0,91% no terceiro trimestre, em termos homólogos.
O PIB moçambicano deverá crescer para 1,536 biliões (milhões de milhões) de meticais (22.901 milhões de euros) em 2024, o que corresponde a um aumento, em termos percentuais, de 5,5%, na previsão oficial do Governo.
Contudo, devido aos impactos das manifestações e paralisações pós-eleitorais que se registam no país desde 21 de outubro, o Presidente da República, Filipe Nyusi, já admitiu este mês que essa previsão poderá vir a ser revista em baixa.
Já o governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, afirmou em 08 de novembro que a instabilidade pós-eleitoral no país não altera as previsões de crescimento, que já incorporavam essa possibilidade, desde que “se dissipe” no “curto prazo”.
“Por enquanto, na base daquilo que sabemos hoje, de como esses riscos estão a ocorrer e se está materializando neste momento (…), no entendimento que esse processo, esses riscos, se dissipem no curto prazo, é que essas perspetivas da nossa economia são positivas. Hoje, por enquanto. No entendimento que se dissipe num período razoável, curto”, disse o governador.
“É essa a mensagem, porque já estavam incorporados (os riscos pós-eleitorais), na nossa visão, nas nossas perspetivas. Hoje só se estão a realizar. Não são uma coisa nova em que, como tal, temos que ajustar as nossas previsões. É uma realização daquilo que nós estávamos a ver”, acrescentou Zandamela.
O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique, em 24 de outubro, dos resultados das eleições de 09 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este afirmou não reconhecer os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.