Por LUSA
O Banco Millennium Atlântico (BMA) angolano estimou que a taxa de inflação no país poderá fixar-se em 26,89% até dezembro, caso a variação mensal atinja uma média de 1,75% nos dois últimos meses de 2024.
Segundo a análise semanal do BMA, a inflação em outubro foi de 23,39%, acima dos 21,88 registados em outubro de 2021, 11,95% no mesmo mês de 2022 e 14,63% em 2023, observando que, caso a variação mensal atinja uma média de 1,75% em novembro e dezembro, a taxa de inflação poderá fixar-se em 26,89% no fim de 2024.
“Depois da aceleração assistida entre maio de 2023 e abril de 2024, o ritmo mais lento no aumento dos preços, sobretudo nos últimos meses, “tem sido fundamental para uma gestão da política monetária restritiva menos intensa”, lê-se na avaliação do BMA sobre a desaceleração da taxa de inflação em Angola.
Em outubro de 2024, a variação homóloga da inflação em Angola fixou-se em 29,17%, o que marca a terceira desaceleração homóloga consecutiva, salienta o banco angolano, recordando que em termos mensais a inflação atingiu os 1,55%, uma desaceleração de 0,08 pontos percentuais em comparação com setembro, contrariando a aceleração registada em agosto (1,61%) e setembro (1,63%).
A “alimentação e bebidas não alcoólicas” foram as classes que mais contribuíram para o aumento do nível geral de preços com 1,01 pontos percentuais durante o mês de outubro, seguindo-se os “bens e serviços diversos”, a “saúde” e “vestuário e calçado”, segundo o Instituto Nacional de Estatística de Angola.
A proposta do Orçamento Geral do Estado (OGE) 2025, aprovada na última semana na generalidade, revela que, em 2024, a taxa de inflação poderá encerrar o ano em 23,4%, sendo que em 2025, poderá baixar para 16,6%.
O BMA entende que a expectativa de desaceleração da taxa de inflação no país deverá refletir o aumento da produção não petrolífera, “com a proposta do OGE 2025 a prever um crescimento de 5,15%, superior ao registo de 4,62% apresentado no OGE 2024”.
Os riscos com a aceleração da depreciação cambial, a inversão da tendência de desaceleração da inflação mundial e a interrupção das cadeias de oferta internacional, “num contexto em que permanecem os riscos geopolíticos mundiais, poderão ser os principais fatores de pressão para uma maior desaceleração da inflação em Angola”, sustenta a instituição bancária.
O Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola (BNA) divulga terça-feira os resultados da sua 120.ª reunião ordinária, que se iniciou hoje na província do Cuanza Norte.
Este órgão do BNA decidiu manter, em setembro, a taxa básica de juro, conhecida como taxa BNA, em 19,5% e as taxas de juro de cedência de liquidez em 20,5% e de absorção de liquidez em 18,5%.
O governador do BNA, Manuel Tiago Dias, disse, na ocasião, que essas decisões se justificavam pela necessidade de manutenção de condições monetárias adequadas à desaceleração do ritmo de crescimento dos preços na economia angolana e de redução das pressões inflacionistas no curto prazo.