Por LUSA
África é o maior mercado de roupa em segunda mão do mundo, absorvendo quase 35% da produção, com os países da União Europeia e Reino Unido a serem os principais exportadores, segundo dados divulgados hoje em Lisboa.
Andreia Barbosa, responsável da economia circular da Humana Portugal, organização que promove a reutilização do têxtil, falava durante uma palestra sobre os “desafios e oportunidades da reutilização de vestuário”, que decorreu na Fundação Cidade de Lisboa.
Em 2023, os 27 países da União Europeia, mais o Reino Unido, exportaram 2,2 milhões de toneladas de roupa em segunda mão. Em valor, os maiores exportadores foram os Estados Unidos (cerca de 833,7 milhões de euros), a China (cerca de 609,2 milhões de euros) e o Reino Unido (cerca de 451,6 milhões de euros).
Segundo Andreia Barbosa, a China tem registado uma ascensão nos últimos 10 anos, tendo passado de 93,6 milhões de euros em 2013 para 609,2 milhões de euros em 2023.
Atualmente, a roupa em segunda mão representa menos de um por cento do mercado de roupa global. Contudo, é notório o crescimento deste mercado nos últimos anos, especialmente ‘online’.
“Em 2025, metade do consumo de roupa em segunda mão será feito online”, disse Andreia Barbosa, citando dados do mercado.
E adiantou que, da roupa que é recolhida, cerca de 10% é considerada a com mais qualidade e é esta que representa 53% de todo o valor obtido na sua comercialização. Com a qualidade seguinte, ainda considerada muito boa, são obtidos 44% do montante gerado.
Sobre a produção de resíduos gerada por este mercado, Andreia Barbosa indicou que a roupa em segunda mão tem uma pegada ecológica 70 vezes inferior à roupa nova.
Ainda assim, existe uma percentagem de roupa “invendável” a que tem de ser dado destino.
Andreia Barbosa avançou que 61% dos vendedores entrevistados no Gana, Quénia e Moçambique dizem que a percentagem de roupa contida nos fardos que é considerada invendável ronda os 5%, enquanto 20% dos vendedores entrevistados nestes países avançam com uma percentagem entre 6% e 15%.
Os têxteis invendáveis são vendidos para outros fins, ou doados, alterados ou deitados fora. Cerca de 50% dos vendedores dizem que deitam fora esta roupa que não tem condições para ser vendida.
A palestra sobre “Economia circular dos Têxteis: desafios e oportunidades da reutilização de vestuário” foi organizada pela Humana Portugal, em parceria com a associação ambientalista ZERO.