Por LUSA/RTP
Cabo Verde e a Associação de Reguladores de Energia de Língua Portuguesa (RELOP) defenderam hoje a necessidade de uma regulação independente e transparente como condição essencial para garantir o financiamento da transição energética nos países lusófonos.
O financiamento, principalmente o privado, “precisa de uma regulação estável, clara, transparente e independente”, defendeu o secretário executivo da RELOP, Artur Trindade, na Praia, no segundo seminário de energia e clima da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Sem uma regulação credível, advertiu, há “muito mais dificuldades em obter financiamento”.
Os investidores devem encontrar regras claras e saber que a regulação segue critérios técnicos e económicos, em vez de políticos, o que aumenta a confiança no setor.
Artur Trindade reforçou que a RELOP procura disseminar a importância da regulação independente e metodologias associadas, acreditando que, ao garantir essa credibilidade, será possível mobilizar mais investimento, especialmente o privado, para a transição energética e o financiamento climático.
O ministro da Indústria, Comércio e Energia de Cabo Verde, Alexandre Monteiro, alinhou pela mesma visão, enfatizando a necessidade de uma “regulação independente” para gerar confiança.
“Acima de tudo, precisamos de uma coordenação eficaz entre o Governo, o setor privado, as instituições financeiras e a sociedade civil. Todos devem estar envolvidos e comprometidos com esta agenda”, acrescentou.
O ministro considerou necessárias “políticas públicas corajosas” que criem um ambiente favorável ao desenvolvimento de energias renováveis e promovam eficiência energética em toda a cadeia de produção e consumo.
Neste sentido, apontou a necessidade de capacitação, pesquisas e infraestruturas que apoiem o crescimento das energias renováveis.
Desde terça-feira, uma missão empresarial lusófona está em Cabo Verde a acompanhar debates sobre novas fontes de financiamento e estratégias para a transição energética na CPLP, num programa organizado pela Associação Lusófona de Energias Renováveis (ALER) e a RELOP, com apoio do Governo de São Tomé e Príncipe, que detém a presidência rotativa da CPLP.
O embaixador de São Tomé e Príncipe em Cabo Verde, Aurélio Martins, referiu que o evento reflete o espírito de cooperação da CPLP em prol de um futuro energético mais sustentável, enfatizando a relevância do envolvimento do setor privado na criação de soluções inovadoras para o clima.
“A parceria entre empresas portuguesas e cabo-verdianas no âmbito do Fundo Climático e Ambiental é um exemplo de cooperação que beneficia não apenas os nossos países, mas também a comunidade lusófona no seu todo”, sustentou.