Por LUSA
A agência de notação financeira Standard & Poor’s decidiu manter o ‘rating’ de Moçambique em ‘C’, com perspetiva estável, considerando que continua a haver riscos de atrasos nos pagamentos da dívida em moeda local.
“O Governo está a implementar medidas para evitar estes atrasos nos pagamentos e os progressos na consolidação orçamental estão em curso, mas os riscos de haver mais atrasos nos pagamentos continuam possíveis, na nossa opinião”, escreve a Standard & Poor’s (S&P).
Isto, fundamenta, “devido aos custos potencialmente mais elevados decorrentes da reforma dos salários públicos, elevada despesa para lidar com os choques climáticos e riscos de derrapagem orçamental nas vésperas das eleições do próximo ano”.
Na nota que dá conta da manutenção do ‘rating’ em ‘C’ para os pagamentos em moeda externa e ‘CCC+’ para os pagamentos em moeda local, os analistas escrevem que continuam “a considerar que a capacidade do governo para servir a dívida comercial é fraca até às projetadas receitas do gás chegarem”.
A S&P já tinha descido o ‘rating’ de Moçambique para ‘Default Seletivo’ em junho devido a atrasos nos pagamentos da dívida interna no princípio do ano, em média nove dias depois do prazo, mas melhorou a avaliação logo a seguir, numa ação que serviu apenas para sinalizar que os atrasos no pagamento da dívida têm consequências a nível do rating.
Os analistas esperam uma expansão do PIB de 4,8% este ano e de 5,5% entre 2024 e 2026, com a dívida pública a melhorar para 74% do PIB este ano e a manter-se acima dos 70% até 2026.
“Estimamos que os pagamentos de dívida em moeda local neste e no próximo ano custem 310 milhões de dólares por ano, e subirão significativamente para 530 milhões de dólares (499 milhões de euros) em 2025 e 2026”, escrevem os analistas, sublinhando que a reestruturação da dívida, no final da década passada, faz com que os pagamentos em moeda externa também subam de forma volumosa a partir do próximo ano.
“O governo começou a pagar os cupões relativamente ao Eurobond com maturidade em 2031, que custa 5% ao ano, cerca de 47 milhões de dólares (44 milhões de euros), e vai subir para 95 milhões de dólares (89 milhões de euros); representando 81 milhões de dólares (76 milhões de euros) por ano entre 2024 e 2028, descendo à medida que começa a amortização do título, que custará 225 milhões de dólares (212 milhões de euros) por ano entre 2028 e 2031”, segundos cálculos da S&P.