Por LUSA
Um grupo de dirigentes do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) exige ao líder do partido, Domingos Simões Pereira, que clarifique a sua posição em relação às eleições legislativas, sobre se é ou não candidato a primeiro-ministro.
A exigência do grupo, integrado entre outros pelo atual primeiro-ministro, Rui Duarte de Barros, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Carlos Pinto Pereira, consta de uma carta dirigida a Simões Pereira, a que a Lusa teve acesso.
Datada de 14 de outubro, a carta, também assinada pelo atual ministro dos Combatentes da Liberdade da Pátria, Aly Hijazy, e pelo ministro das Pescas, Mário Mussante, pede a Simões Pereira que clarifique aos militantes do PAIGC se pretende ser primeiro-ministro ou candidato às próximas eleições presidenciais.
O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, marcou para dia 24 de novembro próximo a realização das eleições legislativas antecipadas, após dissolver, em dezembro de 2023, o parlamento que era liderado pela Plataforma Aliança Inclusiva (PAI- Terra Ranka), uma coligação de partidos encabeçados pelo PAIGC.
Os signatários da carta dirigida a Simões Pereira afirmam que “é óbvio para qualquer observador atento” que este continua a se bater para ser Presidente da República, no que dizem ser “uma pretensão legítima”.
Aqueles dirigentes do PAIGC observam, contudo, que as pretensões de Pereira não podem colocar em causa os interesses do partido e, por via disso, pedem uma clarificação sobretudo em relação a quem o vai substituir como candidato ao cargo de primeiro-ministro, em caso da vitória nas legislativas.
Os signatários da carta defendem que “parece estar a acontecer” um processo de substituição.
Nas últimas eleições legislativas realizadas em junho de 2023, Simões Pereira apresentou-se como cabeça-de-lista da coligação PAI-Terra Ranka e, com a vitória eleitoral, o partido indigitou o primeiro vice-presidente, Geraldo Martins, para o cargo de primeiro-ministro.
Pereira acabou por ocupar a presidência do parlamento.
“Estando em véspera de um novo processo eleitoral, verificar que o camarada continua a apresentar-se como cabeça-de-lista do PAIGC constitui uma nova antecâmara para novos focos de instabilidade a todos os títulos prejudiciais para o partido e para a Nação”, consideram os signatários.
Os subscritores apelam à direção do partido para a abertura de “um diálogo profundo” para que possam apresentar a sua visão sobre as soluções que julgam “mais consentâneas” aos interesses do PAIGC e da Guiné-Bissau.
Fonte do PAIGC disse à Lusa que a carta deu entrada e nos próximos dias a direção irá convocar os seus subscritores para uma audiência e que, de seguida, a decisão a ser tomada partirá dos órgãos internos.
A carta contém oito nomes de dirigentes do PAIGC, mas apenas cinco dos subscritores assinaram o documento.
Todos os nomes são de dirigentes que entraram para o Governo de Iniciativa Presidencial criada a seguir à dissolução do parlamento, mesmo à revelia das orientações do PAIGC.