Por LUSA
Angola gasta anualmente 14,3 mil milhões de kwanzas com a importação de produtos químicos para tratamento da água, contando com uma produção diária de 1,4 milhões de metros cúbicos, insuficientes para a demanda, segundo dados oficiais.
No Projeto de Modernização e Expansão do Fornecimento de Água (PMEFA) de Angola apresentado, em Luanda, refere-se que as empresas públicas de águas e saneamento a nível das 18 províncias angolanas gastam mensalmente 1.195.540.928,60 kwanzas (1,1 milhões de euros) para a aquisição de produtos químicos, perfazendo 14,3 mil milhões de kwanzas (13,9 milhões de euros) por ano.
“Estes são os custos só de importação desses produtos químicos, além de outros custos operacionais, daí a necessidade de racionalizarmos o consumo de água e evitarmos os desperdícios”, disse o secretário de Estado das Águas de Angola, António Belsa da Costa.
Sulfato de alumínio, cloro, hipoclorito de cálcio granulado, hipoclorito de cálcio em pastilhas, cal hidratada e polímero coadjuvante são os produtos químicos importados em toneladas para o tratamento de água em Angola.
As 15 estações de água só na capital angolana — que conta com perto de 10 milhões de habitantes — produzem atualmente 780.756 metros cúbicos por dia, insuficientes para a demanda, sendo que 40% da população tem cobertura geral e o resto com cobertura intermitente.
Com a produção diária de quase 781 mil metros cúbicos, Luanda conta atualmente com um défice 303.215 metros cúbicos, uma vez que as necessidades de consumo são de um milhão de metros cúbicos/dia, referiu António Belsa da Costa.
A entrada em funcionamento dos sistemas Bita (que prevê beneficiar 3,8 milhões de habitantes no sudeste, sul e oeste de Luanda) e Quilonga Grande (prevendo beneficiar 5 milhões de habitantes em zonas periféricas do sudoeste de Luanda) o atual défice (303.215 metros cúbicos) deve cair para 234.897 metros cúbicos em 2026, disse o governante.
Luanda conta atualmente com mais de 127 mil ligações domiciliares.
Segundo o PMEFA, apresentado durante a 29.ª sessão temática do programa “Comunicar por Angola”, as restantes 17 províncias angolanas estão a produzir atualmente 676.949 metros cúbicos de água/dia, quantidade “ainda insuficiente”.
O Projeto de Modernização e Expansão do Fornecimento de Água de Angola contempla a construção de vários sistemas de abastecimento no interior do país, sendo que umas registam obras em curso e outras com conclusão prevista para 2027.
“A expansão e modernização do setor deverão ser garantidas através da construção, reabilitação e ampliação das infraestruturas. O nosso papel passará pela supervisão de projetos em execução das obras, pela definição de modelos de financiamento e pela mobilização dos investimentos necessários para o setor”, frisou.
António Belsa da Costa disse, por outro lado, que os resultados alcançados até a data não permitiram atingir as metas propostas para o ano de 2022 e 2023 e podem comprometer as metas previstas para 2027.
Com efeito, o baixo nível de investimentos executados para a expansão das infraestruturas hidráulicas, “bem como para a sua manutenção e sustentabilidade, tem estado na base do não cumprimento do planeado”, notou.
Realizar 1,4 milhões de novas ligações domiciliares, aumentar a capacidade de tratamento de águas residuais e lamas fecais para 198 mil metros cúbicos/dia, assegurar o grau de cobertura dos custos operacionais das empresas do setor pelas receitas de 90% e reduzir o volume de água não faturada em 20% estão entre as metas para até 2027.
“Comunicar por Angola” é uma iniciativa do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social de Angola.