Por LUSA
O candidato a chefe do Executivo de Macau Sam Hou Fai defendeu hoje a importância da diversificação económica e de o território se “virar para fora”, nomeadamente para os países lusófonos e a Ásia.
“Temos de nos virar para fora, ligarmo-nos com os países de língua portuguesa, aprofundando essa relação de cooperação económica, e depois também com as regiões e países asiáticos, porque a Ásia é uma economia mais nova, jovem”, disse Sam Hou Fai, em conferência de imprensa, após anunciar a candidatura a líder do Governo local.
A China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) como plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003 e, nesse mesmo ano, criou o Fórum de Macau.
O organismo integra, além da China, os nove países de língua portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
“Por sermos uma plataforma e uma base, temos que agarrar bem nesta nossa vantagem para promover a diversificação”, reforçou.
A diversificação económica tem sido a bandeira dos diversos Governos de Macau, território profundamente dependente do setor do jogo.
Ao traçar o percurso do setor do jogo na região semiautónoma, Sam recordou o empresário Stanley Ho Hung Sun (1921-2020), que deteve até ao início do século o monopólio da indústria, lembrando a posterior liberalização, que trouxe uma “grande expansão” dos casinos.
“Houve uma altura, no entanto, que o seu desenvolvimento foi desequilibrado. Ocupava bastantes recursos humanos que temos na sociedade, afetando também muito a mentalidade na nossa geração mais jovem, na procura de emprego e do desenvolvimento profissional, o que é desvantajoso para o desenvolvimento a longo prazo de Macau. Daí que a diversificação é importante”, sublinhou.
Sobre a diversificação, Sam sublinhou ainda na declaração da candidatura que quer “consolidar e elevar ainda mais a indústria de turismo e lazer, desenvolver com maior esforço as forças produtivas de nova qualidade”, além de “dar apoio à recoversão e atualização das indústrias tradicionais e ao desenvolvimento inovador das pequenas e médias empresas”.
A ser eleito, Sam será o primeiro chefe do Executivo a falar português.
Nascido em maio de 1962 em Zhongshan, na vizinha província chinesa de Guangdong, Sam completou a licenciatura em Direito pela Universidade de Pequim, tendo frequentado posteriormente os cursos de Direito e de Língua e Cultura Portuguesa da Universidade de Coimbra.
A eleição do chefe do Executivo está marcada para 13 de outubro e as candidaturas podem ser apresentadas a partir de quinta-feira e até 12 de setembro.
O líder da região é eleito para um mandato de cinco anos pela Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo, que integra 400 membros provenientes dos quatro setores da sociedade, sendo depois nomeado pelo Governo central chinês, de acordo com a ‘mini Constituição’ do território, a Lei Básica, e a respetiva lei eleitoral.
Os candidatos “têm de apresentar uma declaração sincera, devidamente assinada, da qual conste que defendem a Lei Básica e são fiéis à RPC (República Popular da China) e à RAEM”.
Este requisito consta da nova lei eleitoral, aprovada no ano passado, e que, de acordo com o Governo, pretende “dar mais um passo na implementação do princípio ‘Macau governado por patriotas'”.
Compete depois à Comissão de Defesa da Segurança do Estado de Macau “determinar se os participantes defendem a Lei Básica e são fiéis” a Macau, “bem como emitir parecer vinculativo para a CAECE (Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo) sobre a verificação de desconformidades”, lê-se ainda na legislação.