Por LUSA
O líder da UNITA disse hoje que é legítimo os familiares de Jonas Savimbi assumirem a direção da Fundação que homenageia o fundador do partido, associando “o barulho” em torno desta entidade às eleições de 2027.
“Uma fundação é um assunto normalíssimo num estado democrático, não precisa de conferências de imprensa, não precisa de discursos políticos, não precisa de muito barulho”, disse Adalberto Costa Júnior numa ação política da Frente Patriótica Unida (FPU) onde foi questionado sobre a conferência de imprensa onde foram prestados esclarecimentos sobre a fundação.
“Quando o barulho é grande, quando a esmola é grande, o pobre desconfia”, rematou o líder da UNITA e da FPU, que hoje se apresentou com os restantes dirigentes desta plataforma da oposição angolana para fazer uma declaração sobre a o que classificam de degradação de Angola.
Na semana passada, o coordenador-geral da Fundação Jonas Malheiro Savimbi, Isaías Samakuva, antecessor de Adalberto Costa Júnior na presidência da UNITA, disse que a instituição tem apenas fins filantrópicos, afastando especulações de que estaria a criar um partido político.
Sobre a Fundação Savimbi, Adalberto Costa Júnior salientou que era um objetivo antigo de todas as direções da UNITA e considerou que “é legítimo” que os familiares, nomeadamente os filhos, assumam a direção e legalização de uma instituição deste género.
Mas, acrescentou, o país “está mal no que diz respeito ao Estado de direito democrático” e, por isso, a UNITA abandonou a Civicop (Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas de Conflitos Políticos), instituída “em nome da reconciliação, mas com instrumentalidade extrema”.
“Assistimos há pouco tempo às instituições públicas a criminalizarem Savimbi. Quem manda na Civicop é o Presidente da República, quem deu ordem para a legalização (da Fundação) é o Presidente da República. Precisam de mais alguma resposta para saber que estamos a fazer contas de 2027 (data de realização das próximas eleições gerais)”?, atirou o presidente da UNITA.
Adalberto Costa Júnior sublinhou que a UNITA está atenta, tal como a família Savimbi, às “agendas”.
“Tive uma longa conversa com a família que está preocupada com as agendas particulares que desviam a Fundação daquilo que é normal”, vincou.
Adalberto Costa Júnior foi também questionado sobre um alegado “desvio ideológico” da UNITA, que negou, dizendo que o partido do “Galo Negro” fundado por Joanas Savimbi “está bem e recomenda-se”.
O responsável falou também sobre as suas reuniões com o Presidente da República, João Lourenço, salientando que nunca teve problemas em pedir audiências, mas admitindo que as dificuldades de dialogo institucional são uma “circunstância pública”.
“Não faz sentido pedir audiências que não sirvam para nada. Este encontros devem servir para algo”, observou.
Sobre o combate à corrupção, que tem sido erguido como bandeira do Presidente angolano e presidente do MPLA, considerou que a Justiça em Angola faz-se por opção.
“Os amigos são esquecidos nos processos”, afirmou, lembrando vários pedidos de inquérito parlamentar da UNITA que “ficaram na gaveta” e que foi a UNITA que produziu a primeira lei de repatriamento de capitais, “sem objetivos persecutórios”, que foi chumbada pelo MPLA, e lamentou o “amarrar de mãos das instituições judiciais”.
Sobre a aproximação recente da UNITA à Rússia, lembrou que esta “foi um parceira estratégica” de Angola e parte dos acordos de paz, salientando que a UNITA “acha que deve dialogar com todos”.
“Até porque aquilo que assistimos é uma transferência de aliados entre o partido do regime que abandonou o seu aliado tradicional e é comum dizer-se que se encontra hoje nos braços dos EUA, não sei se é verdade ou não”, rematou, afirmando que a UNITA procura “equilíbrios” sem fechar portas.