Por LUSA
A Corporação Financeira Internacional (IFC), do grupo Banco Mundial, vai apoiar a empresa de transportes de passageiros MetroBus, de Maputo, na transição da frota para autocarros elétricos, cujos primeiros dez são esperados em outubro.
De acordo com informação prestada hoje por fonte da MetroBus, que opera os transportes públicos de passageiros na Área Metropolitana de Maputo, a empresa e a IFC assinaram um acordo para esse efeito na quarta-feira, o qual prevê a aquisição de 300 autocarros elétricos e instalação da respetiva rede de carregamento até 2025.
Além dos dez primeiros autocarros elétricos de 18 metros que deverão entrar ao serviço em outubro, a MetroBus prevê a entrega de outros dez até fevereiro do próximo ano.
“A IFC apoiará a MetroBus na preparação de um plano de negócios viável para expandir os seus serviços de transporte para atender à procura crescente na Área Metropolitana de Maputo e transitar as suas operações de veículos movidos a combustíveis fósseis para e-autocarros”, refere a empresa.
A MetroBus diz que “planeia transitar a sua frota de autocarros movidos a diesel, que são poluentes e dispendiosos, para autocarros mais ecológicos, com propulsão elétrica e emissões de gases com efeito de estufa limitadas a zero”, e “expandir as suas operações para atender novas rotas”.
“Para alcançar as suas ambições de crescimento, a MetroBus está a preparar planos de investimento para autocarros elétricos e a infraestrutura de carregamento necessária”, explica.
A informação da MetroBus refere a “Área Metropolitana de Maputo deverá registar um aumento na sua população de cerca de 2,5 milhões de residentes em 2023 para cerca de 4,5 milhões em 2035”, tendência populacional “que levará a uma maior procura por serviços públicos mais eficientes, especialmente no setor dos transportes”.
O Governo moçambicano prevê iniciar na área metropolitana de Maputo, até 2030, a descarbonização dos transportes, apostando em veículos a gás e elétricos, segundo a Estratégia de Transição Energética (ETS), que a Lusa noticiou em fevereiro.
No documento é recordado que Moçambique “depende fortemente de combustíveis importados” para abastecer o setor dos transportes, com “impacto negativo na balança de pagamentos”, expondo o país “às flutuações cambiais e de preços”, além de emissões de dióxido de carbono.
“Em 2020, 100% do gasóleo e da gasolina utilizados nos transportes foram importados, resultando num custo de 482 milhões de dólares (449 milhões de euros), o que equivale a 8% das importações desse ano e a 3% do PIB. O setor de transportes é responsável por 84% do consumo doméstico de combustíveis fósseis”, explica.
A nova estratégia, que prevê investimentos de cerca de 80 mil milhões de dólares (73 mil milhões de euros) até 2050, prevê, num dos seus planos, para o transporte urbano, “a transição para modos de transporte público” em áreas metropolitanas, incluindo transporte de massa, como metro de superfície, sistemas ferroviários suspensos e autocarros rápidos (BRT), começando pela área metropolitana de Maputo.
“A curto e médio prazo, o gás natural comprimido será utilizado como combustível de transição, à medida que os sistemas e os volumes mudam gradualmente para modos renováveis alimentados pela rede. No transporte rodoviário, a transição do gasóleo/gasolina no transporte privado de passageiros e mercadorias implica uma transição para biocombustíveis (como combustíveis de transição) e veículos elétricos”, lê-se ainda.
A descarbonização do transporte urbano arrancará até 2030 em Maputo, “com a introdução do BRT e outros transportes públicos de massa, e com 15% dos transportes públicos utilizando fontes de energia mais limpas, em vez de diesel”. Entre 2030 e 2040 “este valor subirá para 50% do transporte público urbano de passageiros na zona metropolitana de Maputo, enquanto a quota no norte/centro sobe para 15% e 7,5% nos restantes centros urbanos do Sul do país”.