Por LUSA
O Governo angolano está a ponderar rescindir o contrato com a empresa que venceu o concurso de construção da refinaria do Soyo, que tem tido dificuldades para obter financiamento, disse o titular da pasta dos petróleos.
Segundo o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, a empresa americana “está com muita dificuldade de conseguir o financiamento para o projeto da refinaria do Soyo”.
“Está tudo feito em termos de projeto e área, mas a empresa está com dificuldade de obter financiamento. Demos um prazo à empresa e, caso ela não consiga, vamos ter de rescindir também este contrato e procurar alternativas”, referiu Diamantino Azevedo durante a audição parlamentar realizada pela Comissão de Economia e Finanças da Assembleia Nacional.
O consórcio liderado pela Quanten ganhou, em 2021, um concurso público internacional para a construção da refinaria do Soyo.
É constituído por quatro empresas, sendo três norte-americanas (a líder do consórcio Quanten LLC, a TGT INC e a Aurum & Sharp LLC) e uma angolana (ATIS Nebest).
Com uma capacidade de processamento até 100 mil barris de petróleo bruto diários, previa-se que a construção da refinaria do Soyo, avaliada em 3,5 mil milhões de dólares, fosse concluída em 2025.
O projeto a ser erguido a sudeste do município do Soyo, província petrolífera do Zaire, numa área de 712 hectares, previa empregar mais de 3.000 pessoas.
Relativamente à refinaria do Lobito, com capacidade para produção de 280 mil barris dia, Diamantino Azevedo avançou que a Sonangol continua a assumir todos os custos de construção e continua à procura de um parceiro e acionista para investimento.
O titular da pasta dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás salientou que foi realizado um concurso, mas as propostas que receberam não corresponderam aos anseios das autoridades angolanas.
“As propostas não nos agradaram, (queriam) exigências de colaterais como petróleo, então estamos a fazer nós próprios, a Sonangol até hoje está a despender todo o dinheiro próprio, enquanto continuamos a procurar financiamentos e parceiros, mas a construção continua e está bem avançada”, disse o ministro.
O governante angolano admitiu que a perspetiva de conclusão das obras, com a empresa contratada agora, que está a executar o projeto, é de quatro anos, mas dependendo do financiamento, frisando que a estratégia é a Sonangol assegurar a construção das componentes mais demoradas.
Sobre a refinaria de Cabinda, com capacidade para 60.000 barris de petróleo/dia, um investimento privado, o ministro disse que a perspetiva é que a primeira fase, para a produção de 30.000 barris/dia, entre em funcionamento em 2025.
Diamantino Azevedo disse que vários fatores contribuíram para o atraso da obra, como, por exemplo, a anulação do contrato com a empresa vencedora do concurso por dificuldades de implementação do projeto, a pandemia da covid-19 e o aumento dos preços dos materiais de construção.
De acordo com Diamantino Azevedo, a Sonangol, petrolífera nacional, está a fazer alguns investimentos na componente externa da refinação, nos ‘pipelines’ para a receção e distribuição do combustível.
“Nessa componente, a Sonangol tem ajudado, mas o projeto em si é privado e a Sonangol tem participação que atualmente é de 10%, mas que poderá ser aumentada quando fizermos alguns trabalhos mais com investidores”, disse.
Angola produz cerca de 20% das necessidades internas de combustíveis, sendo os outros 80% importados.
“Com essas refinarias todas prontas – Soyo, Cabinda e Lobito- nós chegaremos a 420 mil barris, uma parte é para venda. Conseguiremos satisfazer as nossas necessidades internas e termos excedente para vender, é esse o nosso objetivo”, declarou.