Por LUSA
A organização moçambicana Justiça Ambiental (JA!) recebe hoje, em Bruxelas, um prémio pela luta contra projetos de combustíveis fósseis e a apropriação de terras em Moçambique, anunciou a associação Amigos da Terra Europa.
De acordo com um comunicado da Amigos da Terra, a atribuição do prémio ‘Rosa de Prata para a Transição Justa 2023’, pela Solidar, uma rede internacional de organizações da sociedade civil, deve-se à luta da JA! pela preservação do ambiente, defesa dos direitos humanos, proteção e mobilização das comunidades locais.
Citado no comunicado, o diretor-adjunto da associação moçambicana, Mauro Pinto, salientou que o prémio mostra estarem “no caminho certo para lutar para acabar com os combustíveis fósseis e trabalhar para a mudança de sistema desesperadamente necessária”.
Um dos alvos da JÁ! é o megaprojeto da TotalEnergies no norte de Moçambique, uma multinacional que foi, na terça-feira, visada numa queixa-crime apresentada num tribunal em França.
Sete sobreviventes ou familiares de vítimas de um ataque fundamentalista islâmico em Moçambique, em março de 2021, apresentaram uma queixa por “homicídio involuntário e omissão de socorro” contra a TotalEnergies, que realizava então um megaprojeto de gás natural liquefeito na região de Palma, na província de Cabo Delgado.
O ataque de Palma, reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), iniciou-se em 24 de março de 2021 e durou vários dias, saldando-se por um número desconhecido de vítimas entre a população local e os subcontratados da TotalEnergies.
A multinacional é acusada de ter deixado os funcionários subcontratados à mercê dos terroristas.
O atentado levou, então, à suspensão do projeto, que representava um investimento total de 20 mil milhões de dólares (cerca de 18,8 mil milhões de euros ao câmbio atual), mas o presidente do grupo, Patrick Pouyanné, anunciou já esperar relançar o projeto antes do final do ano.